O senador Hamilton Mourão afirmou ao Supremo Tribunal Federal que jamais participou de reuniões com o ex-presidente Jair Bolsonaro para tratar da decretação de medidas de exceção no país. A declaração foi dada durante depoimento como testemunha de defesa no inquérito que apura a tentativa de golpe de Estado no fim do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro .
Ex-vice-presidente da República, o senador Hamilton Mourão foi arrolado como testemunha pela defesa do ex-mandatário e dos generais Walter Braga Netto, Augusto Heleno e Paulo Sérgio Nogueira, todos réus no chamado “Núcleo 1” da suposta trama golpista investigada pela Polícia Federal e pelo Supremo.
Em seu depoimento, realizado de forma presencial na sede do Supremo Tribunal Federal , o senador negou ter presenciado ou ter tomado conhecimento de qualquer reunião com teor golpista.
O parlamentar também reforçou que, mesmo tendo ocupado a Vice-Presidência da República entre 2019 e 2022, não foi consultado ou informado sobre qualquer movimento que atentasse contra a ordem democrática.
A oitiva do senador Hamilton Mourão integra uma série de depoimentos prestados por militares e políticos próximos ao ex-presidente, no âmbito da investigação que apura a existência de um plano para subverter o resultado das eleições de 2022 e impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A investigação tramita sob sigilo, mas informações obtidas indicam que o Supremo Tribunal Federal busca esclarecer se houve uma articulação concreta entre membros do governo anterior e setores das Forças Armadas para implementar medidas que pudessem configurar um golpe de Estado.
Até o momento, todas as testemunhas ouvidas negaram a existência de reuniões com esse propósito, embora os investigadores sustentem que há indícios robustos que justificam a continuidade das apurações.
Procurada, a defesa de Jair Bolsonaro reiterou que o ex-presidente “sempre atuou dentro dos limites constitucionais” e que “jamais cogitou qualquer medida de exceção”. A Advocacia-Geral da União e o Ministério da Defesa não se manifestaram sobre o depoimento.
O caso segue sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes, que deverá decidir, nas próximas semanas, sobre novos desdobramentos da investigação, incluindo eventuais denúncias ou arquivamentos.