No último dia 25 de abril, quando se celebrou o Dia Mundial da Malária, o Ministério da Saúde divulgou dados animadores: os casos confirmados da doença no Brasil caíram 26,8% entre janeiro e março de 2025 em comparação com o mesmo período do ano passado. Ainda assim, o número de registros permanece expressivo: 25.473 casos em apenas três meses.
Apesar da redução, especialistas alertam que o país ainda enfrenta grandes desafios para erradicar a doença. Um dos principais entraves é a falta de diagnóstico adequado, segundo Claudio Tadeu Daniel-Ribeiro, chefe do Laboratório de Pesquisa em Malária da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Para ele, a detecção precoce e precisa é essencial para interromper a cadeia de transmissão e garantir o tratamento efetivo dos pacientes.
“O diagnóstico de qualidade é a espinha dorsal do combate à malária. Sem identificar corretamente quem está doente, a transmissão continua e as medidas de controle se tornam ineficazes”, afirmou Daniel-Ribeiro em entrevista à imprensa. Segundo o pesquisador, muitas regiões ainda carecem de testes rápidos e de profissionais capacitados para interpretar os resultados, o que dificulta a resposta imediata aos focos da doença.
A malária é uma infecção causada por parasitas do gênero Plasmodium, transmitidos pela picada de mosquitos do gênero Anopheles. No Brasil, a maioria dos casos se concentra na Região Amazônica, onde as condições ambientais favorecem a proliferação do vetor.
O Ministério da Saúde reforçou que, além da intensificação da distribuição de mosquiteiros impregnados com inseticida e da pulverização de áreas endêmicas, está investindo em treinamento de agentes de saúde e na ampliação da rede de diagnóstico. No entanto, especialistas ressaltam que a superação definitiva da malária exige esforços contínuos e sustentados, incluindo o desenvolvimento de novas tecnologias de detecção e o fortalecimento dos serviços de atenção básica em saúde.
“O combate à malária é um desafio complexo que demanda não apenas ações emergenciais, mas também uma política de longo prazo, com foco em inovação e educação da população”, concluiu Daniel-Ribeiro.
Contexto Global
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a malária causou 608 mil mortes em 2023, a maioria delas na África subsaariana. Apesar dos avanços em pesquisa e controle, a doença ainda é considerada um grave problema de saúde pública em diversos países tropicais e subtropicais.