Avanço no ranking reflete aumento expressivo nas notificações e alerta para a urgência de políticas públicas mais eficazes no combate aos crimes digitais contra crianças e adolescentes.
O Brasil alcançou, em 2024, a quinta posição no ranking global de países com maior número de denúncias de conteúdos relacionados ao abuso sexual infantil distribuídos online. O dado alarmante faz parte do relatório anual da InHope, rede internacional que reúne centrais de denúncia de crimes digitais em mais de 40 países.
Segundo o levantamento, o país apresentou um salto preocupante no número de notificações: em 2022, ocupava a 27ª posição na lista; dois anos depois, figura entre os cinco primeiros colocados, atrás apenas de Bulgária, Reino Unido, Holanda e Alemanha países que historicamente lideram esse tipo de estatística devido ao volume de denúncias e à infraestrutura de investigação digital.
A InHope monitora e cataloga páginas suspeitas ou confirmadas de disseminar material de abuso sexual infantil, trabalhando em parceria com plataformas digitais, autoridades policiais e órgãos internacionais. Em seu relatório, a entidade destaca que o aumento das denúncias pode estar relacionado tanto à intensificação do combate aos crimes quanto à maior visibilidade e capacitação dos canais de denúncia.
O Ministério da Justiça e Segurança Pública tem investido na ampliação de delegacias especializadas em crimes cibernéticos, mas a pulverização das redes utilizadas pelos criminosos que vão desde fóruns clandestinos na dark web até aplicativos populares dificulta a repressão. A SaferNet Brasil, ONG parceira da InHope e responsável pela central de denúncias no país, também aponta a necessidade urgente de educação digital nas escolas e campanhas permanentes de conscientização para pais, professores e crianças.
“O combate à exploração sexual infantil online exige um esforço conjunto entre Estado, sociedade e empresas de tecnologia. É um crime silencioso, muitas vezes invisível, mas que deixa marcas profundas nas vítimas”, completa Carla Ribeiro.
Diante do crescimento exponencial das denúncias, o relatório da InHope lança um sinal de alerta ao Brasil: mais do que nunca, é preciso fortalecer políticas públicas, investir em inteligência cibernética e garantir a proteção integral das crianças e adolescentes no ambiente digital.





