Recordo-me dos meus primeiros chutes. Foram em bolas de meia feitas pela minha irmã Vanda e o amigo Antônio de Mariinha. O jogo era no terreiro da casa onde morávamos em Catolés, hoje propriedade de meu irmã João Hipólito Rodrigues Filho. Ouvia falar dos jogadores Leônidas da Silva e Zizinho e gostava quando Antônio me chamava de mestre Ziza e ele mesmo, de Leônidas.
A progressão foi da bola de meia para a bexiga do boi que o açougueiro José de Bibiana dava ao seu neto Gentil, que jogava conosco numa área na lateral da Igreja, hoje propriedade da família de Florisvaldo. Jogávamos, também, na Rua de Baixo, hoje Praça do Garimpeiro, à época já com bola de borracha. Os destaques eram Dilson de Dezinho, apelidado Brandãozinho, pela sua habilidade e Lourdes de Zé Lourenço, pelas entradas ríspidas. Jogávamos, mais tarde no Veríssimo, em área permitida pelo proprietário José Vieira Assunção, com a primeira bola de couro, trazida para Catolés, por Edgar de seu Tõezinho.
Continuei jogando em Piatã, no campo do Rosário, com uma bola do puro látex, que meu pai comprou em Salvador. Em Livramento, jogava no campo de seu Goda e no Estádio Edilson Pontes. Em Salvador, principalmente na praia da 3ª ponte, em Piatã. Passei a residir novamente em Livramento e jogava no campo do Polivalente. Residindo em Brumado, jogava no Estádio Municipal e da Magnesita. Voltando a residir em Salvador, jogava nos campos gramado natural e sintético do BANEB no bairro Costa Azul e no sintético TOK DE BOLA na Boca do Rio, propriedade do hoje prefeito de Porto Seguro, Jânio Natal.
Gosto tanto de futebol e do Vitória que, em maio de 2021, quando o Vitória ocupava a zona de rebaixamento da Série C, sonhei jogando pelo clube e como “salvador da pátria”, pedindo a Wallace para cobrar uma falta do meio de campo. Wallace cedeu e eu cobrei, com tanta força na perna, que cai da cama e lesionei o dedão. À conta da medicação anticoagulante que tomo, sofri hemorragia e após a aplicação de iodo e muito compressa de gaze, meu filho João Filipe conseguiu estancá-la, mas, não evitou que a unha fosse extraída na manhã seguinte, pelo serviço médico do Hospital da Bahia.
Na noite da última quinta-feira, 15, mais uma vez sonhei jogando, agora contra o Barcelona de Ilhéus. Tenho uma jogada que treinei muito para executá-la, levantando com o calcanhar, a bola que me vem rasteira. No sonho a executei com tamanha vontade que mais uma vez cai da cama e bati com a fronte direita no guarda-roupas e o joelho no assoalho, ferindo a patela, popularmente conhecida como (bolacha). Com muito esforço, minha filha Cassiana que ainda estava acordada assistindo minha neta Gabi, gripada, conseguiu me soerguer.
Não obstante a dor que senti, pelo outro lado fiquei satisfeito com a constatação de que, minhas articulações da perna direita estão melhores do que esperava, considerando que, aos 78 anos, à luz da ciência sou velho. O termo não é idoso. É VELHO mesmo. Como vem aí, Ba x Vi e VI x Ba, vou me acautelar, tomando cuidados extremos, mudando a posição do guarda-roupas e usando joelheira e capacete para dormir.