A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) e a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) emitiram, nesta semana, uma nota conjunta restringindo o uso de testosterona em mulheres e chamando atenção para os riscos associados ao uso inadequado do hormônio.
Segundo o comunicado, a testosterona só possui uma indicação formal reconhecida para uso feminino: o tratamento do Transtorno do Desejo Sexual Hipoativo (TDSH), e mesmo assim deve ser prescrita apenas após avaliação clínica criteriosa. Fora desse contexto, seu uso é considerado potencialmente perigoso.
As entidades explicam que a administração do hormônio sem necessidade médica comprovada tem sido observada com frequência crescente, especialmente com objetivos estéticos, de melhora de performance física ou com intenção antienvelhecimento — práticas consideradas indevidas e arriscadas.
Riscos graves associados ao uso inadequado
O documento destaca uma lista de efeitos colaterais importantes, alguns deles irreversíveis. Entre os riscos estão:
- Efeitos virilizantes: acne, queda de cabelo, crescimento de pelos corporais, aumento do clitóris e engrossamento permanente da voz;
- Alterações psicológicas e psiquiátricas;
- Toxicidade hepática, com possibilidade de tumores;
- Infertilidade;
- Complicações cardiovasculares, incluindo hipertensão, arritmias, tromboses, embolias, infarto, AVC e aumento da mortalidade;
- Alterações metabólicas, como mudanças nos níveis de colesterol e triglicerídeos.
Anvisa não reconhece uso estético ou para performance
A nota reforça que nenhuma formulação de testosterona é aprovada pela Anvisa para uso em mulheres no Brasil. A agência também não reconhece o hormônio para fins estéticos, aumento de massa muscular, melhora de disposição ou ação antienvelhecimento.
“As prescrições feitas com base apenas em dosagens hormonais isoladas, sem respaldo clínico, ou com finalidades não terapêuticas, representam um risco significativo à saúde feminina”, alertam as entidades.
Prescrição deve ser exceção, não regra
SBEM, Febrasgo e SBC reforçam que o uso do hormônio deve ser restrito, sempre com acompanhamento médico especializado. O objetivo da nota é orientar profissionais de saúde e alertar a população sobre os potenciais danos decorrentes da banalização do uso da testosterona entre mulheres.
As entidades concluem pedindo mais responsabilidade na prescrição e maior conscientização sobre os riscos, para evitar complicações que, muitas vezes, podem ser graves e até irreversíveis.





