Em muitas empresas e espaços de poder, a presença feminina diminui drasticamente à medida que os cargos se tornam mais altos. Esse fenômeno não acontece por acaso. De forma sutil, mas persistente, um obstáculo invisível impede que mulheres alcancem posições de liderança, mesmo quando possuem qualificações superiores às de seus colegas homens. Esse fenômeno é chamado de barreira de vida, um conjunto de desafios estruturais, culturais e institucionais que limitam o avanço profissional das mulheres.
A delegada e pesquisadora em violência contra a mulher Dra Gabriela Garrido, especialista em violência de gênero, destaca que essa barreira não é apenas uma questão corporativa, mas um reflexo de desigualdades históricas e culturais profundamente enraizadas na sociedade. “Muitas mulheres são preteridas em promoções sob o argumento de que podem engravidar ou porque são vistas como ‘agressivas’ quando assumem posturas firmes. Enquanto isso, homens com comportamentos idênticos são chamados de ‘determinados’ ou ‘líderes natos’”, explica Dra Gabriela Garrido.
A Disparidade nos Números
Os dados reforçam essa realidade. Embora as mulheres representem mais da metade da força de trabalho em diversas áreas, sua presença em cargos de alta liderança ainda é alarmantemente baixa. Segundo pesquisas recentes, menos de 10% das posições de comando são ocupadas por mulheres. Se a ausência de competência fosse o problema, essa discrepância não seria tão grande.
Além da desigualdade nas promoções, há também a jornada dupla – uma realidade imposta a muitas mulheres que, além do trabalho formal, precisam assumir a maior parte das responsabilidades domésticas e de cuidados com a família. Essa sobrecarga afeta diretamente a possibilidade de crescimento profissional. “Enquanto os homens podem focar 100% na carreira, muitas mulheres têm que equilibrar múltiplas funções, sem o mesmo apoio estrutural”, aponta Dra Gabriela Garrido.
Como Superar as Barreiras Invisíveis
Apesar dos desafios, há caminhos para derrubar essa barreira invisível. Para Gabriela Garrido, a mudança deve começar com políticas concretas de equidade de gênero dentro das empresas. “Programas de mentoria, metas de diversidade e ações afirmativas são essenciais para corrigir as desigualdades estruturais”, afirma.
Além disso, é fundamental incentivar meninas e mulheres a ocuparem espaços de liderança desde cedo, promovendo exemplos e referências que fortaleçam sua autoestima e ambição profissional. Outro ponto crucial é a desconstrução de preconceitos enraizados no ambiente corporativo, por meio da educação e da conscientização.
Se você é mulher, não aceite menos do que merece. Se você deseja um mercado de trabalho mais justo, cobre mudanças. A luta por equidade de gênero não é apenas uma questão de justiça social, mas também de desenvolvimento econômico e inovação. Afinal, talento não tem gênero mas, infelizmente, as oportunidades ainda existem.