A indústria têxtil brasileira vive um momento de tensão após o anúncio de novas tarifas comerciais pelos Estados Unidos. A medida, que estabelece uma alíquota de 50% sobre produtos têxteis brasileiros a partir de 5 de agosto, ameaça diretamente a competitividade do setor e pode impactar até 15 mil postos de trabalho, segundo estimativas da Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção).
Fernando Pimentel, diretor superintendente da entidade, alerta que o cenário já começa a afetar contratos em andamento. Ele cita como exemplo um pedido no valor de US$10 milhões, com entrega prevista para outubro, que agora precisará ser renegociado para continuar viável. O risco, segundo o dirigente, é que os custos adicionais inviabilizem o negócio e afetem a credibilidade dos fornecedores brasileiros.
A reação da indústria tem sido imediata. Empresas do setor estão em uma verdadeira corrida logística para antecipar embarques antes do prazo final. “Há um grande esforço para conseguir despachar tudo até o dia 5 de agosto”, explica Pimentel. A mobilização envolve desde a finalização das mercadorias até a organização de transporte e trâmites alfandegários.
O impacto das tarifas vai além das exportações. Segundo a Abit, o Brasil vinha retomando espaço no mercado norte-americano, com crescimento nas vendas de tecidos e confecções. A medida protecionista, no entanto, pode interromper esse movimento, afetando diretamente pequenas e médias empresas, que representam a maior parte do setor.
A Abit já articula ações junto ao governo brasileiro para tentar reverter ou ao menos mitigar os efeitos da medida. No entanto, até o momento, não há sinalização de flexibilização por parte das autoridades norte-americanas.
Para o setor têxtil nacional, o momento exige agilidade, negociação e resiliência. A depender dos desdobramentos nas próximas semanas, o Brasil pode enfrentar não apenas prejuízos econômicos, mas também um novo ciclo de retração em uma indústria que emprega mais de 1,5 milhão de pessoas no país.