A rotina escolar de cerca de 47 milhões de estudantes do ensino fundamental e médio mudou radicalmente com o início do novo ano letivo. A Lei nº 15.100/2025 entrou em vigor proibindo o uso de “aparelhos eletrônicos portáteis pessoais durante a aula, o recreio ou intervalos entre as aulas, para todas as etapas da educação básica”. A medida tem sido comemorada por professores e especialistas, que observam uma melhora significativa na atenção dos alunos em sala de aula.
Segundo relatos de docentes, sem a distração dos dispositivos móveis, os alunos estão mais engajados e participativos. “Os alunos não tiram mais fotos do quadro e, por isso, perguntam mais, tiram dúvidas e aprendem melhor”, afirma um professor. Ele destaca que, sem a opção de recorrer à tecnologia posteriormente para acessar o conteúdo da aula, os estudantes passam a focar mais na explicação do professor e a interagir melhor com os colegas e com o próprio aprendizado.
A proibição, no entanto, levanta questionamentos sobre os impactos psicológicos da retirada abrupta dos celulares. A presidenta do Conselho Regional de Psicologia do Distrito Federal (CRP-DF), Thessa Guimarães, alerta para a possibilidade de crises de abstinência entre os alunos, com efeitos tanto físicos quanto psíquicos. “Isso pode ocorrer na ausência de qualquer droga, lícita ou ilícita, na separação de um companheiro amado ou na retirada de um dispositivo que se tornou central na vida da criança e do adolescente”, explica.
Para evitar impactos negativos, a especialista recomenda o suporte familiar e a busca de profissionais qualificados para acompanhamento psicológico, além da substituição gradual do uso do celular por atividades que estimulem a interação social. “É preciso povoar a vida dessa criança e desse adolescente com novos interesses e oportunidades, para que possam explorar outras potencialidades e superar a dependência do dispositivo”, orienta Thessa.
Embora a proibição do uso do celular nas escolas seja uma medida que favorece o aprendizado e melhora a concentração dos estudantes, especialistas apontam que ela deve vir acompanhada de estratégias complementares. Investimentos em metodologias inovadoras, promoção de atividades extracurriculares e um olhar atento para a saúde mental dos alunos são essenciais para garantir que a transição seja feita de maneira saudável e produtiva.