Pesquisas realizadas pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em parceria com as organizações não governamentais ACT Promoção da Saúde e Vital Strategies, revelaram números alarmantes sobre os impactos financeiros do consumo de alimentos ultraprocessados e bebidas alcoólicas no Sistema Único de Saúde (SUS). O custo estimado alcança a marca de R$ 28 bilhões anuais, refletindo o peso que esses produtos exercem sobre a saúde pública no Brasil.
Segundo o estudo, os alimentos ultraprocessados — como biscoitos recheados, refrigerantes, embutidos e alimentos prontos congelados — estão diretamente associados ao aumento de doenças crônicas como obesidade, diabetes tipo 2, hipertensão e problemas cardiovasculares. Por sua vez, o consumo excessivo de álcool agrava condições como doenças hepáticas, transtornos mentais, cânceres e acidentes de trânsito, aumentando a demanda por atendimentos médicos de emergência e tratamentos de longo prazo.
“Os alimentos ultraprocessados e o álcool contribuem para a sobrecarga do sistema de saúde por meio do crescimento exponencial de doenças evitáveis. Essa realidade reforça a necessidade de políticas públicas para mitigar o impacto do consumo desses produtos”, destacou um dos coordenadores da pesquisa.
Os custos estimados incluem:
– **R$ 14 bilhões** associados ao tratamento de doenças vinculadas ao consumo de alimentos ultraprocessados;
– **R$ 14 bilhões** direcionados ao atendimento de problemas decorrentes do consumo de bebidas alcoólicas.
O levantamento também apontou que os gastos indiretos — como perda de produtividade e afastamento do trabalho por questões de saúde — poderiam dobrar esse impacto econômico.
Diante desses dados, especialistas defendem ações mais rigorosas para combater os danos provocados por esses produtos. Entre as recomendações estão:
– Aumento de impostos sobre alimentos ultraprocessados e bebidas alcoólicas;
– Proibição de publicidade dirigida a crianças e adolescentes;
– Ampliação de campanhas de conscientização sobre alimentação saudável e consumo responsável de álcool;
– Incentivo à rotulagem clara, destacando os riscos associados ao consumo desses produtos.
O Sistema Único de Saúde já desenvolve programas para enfrentar essas questões, como iniciativas de prevenção e controle de doenças crônicas. No entanto, os especialistas alertam que os desafios permanecem, especialmente em um cenário em que a prevalência de consumo de ultraprocessados e álcool continua elevada no Brasil.
A Fiocruz e as ONGs envolvidas no estudo esperam que os dados possam embasar a formulação de políticas públicas mais efetivas, reduzindo tanto os impactos econômicos quanto os danos à saúde da população.
“Investir em prevenção é mais eficaz e sustentável do que arcar com os custos crescentes de tratamentos. A saúde da população e a sustentabilidade do SUS dependem de ações integradas e imediatas”, conclui o relatório.