O setor público consolidado do Brasil registrou déficit primário de R$ 14,4 bilhões em novembro, resultado pior do que o observado no mesmo mês de 2024, quando o saldo negativo foi de R$ 6,6 bilhões. O resultado primário considera a diferença entre receitas e despesas do governo, desconsiderando o pagamento dos juros da dívida pública. Com o desempenho de novembro, a dívida bruta do país alcançou 79% do Produto Interno Bruto (PIB).
Os dados constam no boletim de Estatísticas Fiscais, divulgado nesta terça-feira (30) pelo Banco Central (BC). O levantamento reforça o desafio do governo em equilibrar as contas públicas em um cenário de elevado comprometimento orçamentário e pressão com despesas obrigatórias.
No acumulado de 12 meses, o déficit nominal que inclui todas as despesas, inclusive os juros da dívida, somou R$ 1,027 trilhão, o equivalente a 8,13% do PIB. O resultado apresenta leve melhora em relação ao mês anterior, quando o déficit nominal atingia R$ 1,024,9 trilhão, ou 8,15% do PIB. Apesar da variação marginal, o patamar segue elevado e indica a persistência do desequilíbrio fiscal estrutural.
Na véspera da divulgação do BC, o Tesouro Nacional informou que as contas do governo central, que engloba Tesouro Nacional, Banco Central e Previdência Social, registraram déficit primário de R$ 20 bilhões em novembro. O resultado reflete, principalmente, o crescimento das despesas previdenciárias e o impacto de gastos obrigatórios sobre o orçamento.
De acordo com o detalhamento das estatísticas fiscais, o governo central apresentou déficit de R$ 16,9 bilhões no mês, enquanto as empresas estatais registraram resultado negativo de R$ 2,9 bilhões. Em sentido oposto, os governos regionais (estados e municípios) contribuíram positivamente para o resultado consolidado, com superávit de R$ 5,3 bilhões.
No acumulado de 12 meses até novembro, o setor público consolidado apresentou déficit primário de R$ 45,5 bilhões, equivalente a 0,36% do PIB. O número representa uma deterioração em relação aos 12 meses encerrados em outubro, quando o déficit era de R$ 37,7 bilhões, ou 0,30% do PIB.
Especialistas avaliam que a trajetória das contas públicas segue como um dos principais pontos de atenção da economia brasileira, influência dos expectativas sobre inflação, taxa de juros e crescimento. A evolução do resultado fiscal e da dívida pública deve continuar no centro do debate econômico, sobretudo diante da necessidade de conciliar responsabilidade fiscal com políticas de estímulo à atividade econômica e à área social.





