A permanência de Ricardo Lewandowski à frente do Ministério da Justiça e Segurança Pública em 2026 ainda é incerta, mas o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem feito esforços para convencê-lo a permanecer no cargo. A possibilidade de uma saída do ministro tem gerado preocupação nos corredores do Palácio do Planalto, dada a importância estratégica de Lewandowski para o relacionamento do governo com o Supremo Tribunal Federal (STF) e outros tribunais superiores.
Lewandowski assumiu o ministério no início de 2024, após a ida de Flávio Dino para a Corte, e desde então passou a ocupar papel central na formulação de políticas de segurança pública consideradas inovadoras para governos de esquerda. Aliados do presidente afirmam que o ministro estruturou um projeto amplo de combate ao crime, algo até então ausente na agenda da esquerda, e se tornou peça-chave na tentativa de integrar as ações da pasta com forças policiais, órgãos de inteligência e o Congresso Nacional.
Fontes próximas ao ministro revelam que Lewandowski tem sinalizado ao presidente interesse em deixar o cargo. A decisão estaria ligada à tradicional rotatividade de ministros em anos de eleição, motivada pela desincompatibilização para candidaturas, embora, diferentemente de outros membros do primeiro escalão, ele não tenha intenção de disputar qualquer cargo público. A movimentação de Lewandowski, portanto, tem mais caráter pessoal e administrativo do que eleitoral.
Por sua vez, Lula tem deixado claro a aliados que não pretende aceitar a saída do ministro. Para o presidente, a continuidade de Lewandowski é fundamental não apenas pelo conhecimento jurídico acumulado no STF, mas também pela capacidade de mediação política e institucional que o ministro exerce junto ao Judiciário. Essa interlocução é vista como estratégica, especialmente em um período marcado por debates complexos sobre segurança pública, legislação penal e direitos fundamentais.
Sob a gestão de Lewandowski, o Ministério da Justiça vem tentando avançar em pautas consideradas prioritárias. Entre os principais projetos está a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que prevê a inclusão do Sistema Único de Segurança Pública (SUSP) na Constituição Federal. Apesar dos esforços do governo, a proposta terminou 2025 sem avanços significativos, travada em uma comissão especial da Câmara dos Deputados. Outra iniciativa importante é o Projeto de Lei Anti Facção, que endurece a punição para uma série de crimes, cria estruturas integradas de enfrentamento a facções criminosas e busca fortalecer a coordenação entre União, estados e municípios.
Especialistas em segurança pública avaliam que a saída de Lewandowski poderia gerar um vazio institucional difícil de ser preenchido, dado seu papel de articulador político e técnico. Além disso, a troca na pasta poderia atrasar a tramitação de projetos legislativos estratégicos e enfraquecer a interlocução do governo com o Judiciário, em um momento em que medidas de segurança são consideradas prioritárias pelo Planalto.
Enquanto a definição sobre o futuro do ministro ainda não foi tomada, fontes do governo destacam que Lula intensificou contatos diretos com Lewandowski, reiterando que sua permanência é vital para manter a estabilidade administrativa do ministério e o avanço da agenda de segurança no Congresso. A expectativa é que uma decisão seja anunciada nos próximos meses, antes do início oficial do período eleitoral que exigirá desincompatibilizações em diversas pastas.





