Em pleno Dia dos Namorados, quando as redes sociais se enchem de declarações de amor e imagens românticas, a delegada e pesquisadora em violência contra a mulher, Dra. Gabriela Garrido, lançou um alerta contundente: “Nós somos 52% da população, mas continuamos sendo assassinadas todos os dias.”
Os dados que embasam a fala da especialista são alarmantes. O Brasil registrou 1.459 feminicídios em 2024, o maior número desde que a série histórica começou a ser contabilizada. Isso representa uma média de quatro mulheres mortas por dia em decorrência da violência de gênero. O ano também marcou o maior número de estupros dos últimos cinco anos: mais de 83 mil casos registrados.
A delegada Dra. Gabriela Garrido destaca a gravidade do envolvimento da juventude nesse cenário. “Mais da metade das vítimas tinham menos de 34 anos. E os algozes, cerca de 47%, também estavam nessa faixa etária. Isso significa que não evoluímos em termos de educação”, afirma. Para a delegada Dra. Gabriela Garrido, essa estatística evidencia um fracasso coletivo: “Os jovens estão matando, estão espancando, estão violando suas companheiras. E isso é extremamente preocupante.”
A lógica de posse e controle sobre o corpo feminino ainda é perpetuada por narrativas romantizadas de relacionamento, segundo a delegada Dra. Gabriela Garrido. “O romantismo que se tem em relação ao controle e à violência alimenta a subordinação feminina”, pontua a delegada Dra. Gabriela Garrido reforça que o amor deve ser compreendido como escolha e compromisso, citando a autora feminista Bell Hooks: “Amar é uma responsabilidade com o bem-estar do outro.”
A delegada Dra. Gabriela Garrido defende que o combate à violência contra a mulher exige um esforço conjunto do Estado, das famílias, da sociedade civil e da mídia. Para ela, é urgente investir em educação para o afeto, um processo que ensina desde cedo que relacionar-se com o outro implica respeito, empatia e responsabilidade.
Enquanto o Brasil ainda celebra histórias de amor em datas como o 12 de junho, a mensagem da delegada é clara: sem respeito, não há amor possível e sem políticas efetivas, continuaremos enterrando mulheres vítimas de uma violência que insiste em resistir ao tempo.
Se você está em situação de violência ou conhece alguém que esteja, procure a Delegacia da Mulher mais próxima ou disque 180 para atendimento e orientação.