Em 14 de março de 2018, o Brasil perdeu uma de suas vozes mais potentes. Marielle Franco foi brutalmente assassinada por ousar ocupar um espaço historicamente negado às mulheres, especialmente às mulheres negras e periféricas. Sua morte foi um recado cruel para todas que desafiam as estruturas de poder: a política ainda é um ambiente hostil para as mulheres. Seis anos depois, a pergunta que permanece é: até quando?
Apesar de representarem mais da metade da população brasileira, as mulheres ocupam menos de 20% das cadeiras na Câmara dos Deputados e no Senado. Em prefeituras pelo país, o número é ainda menor, não chegando a 15%. Os dados escancaram a desigualdade e demonstram que o sistema político continua sendo um território predominantemente masculino. Mas por quê? Se as mulheres também votam, por que sua presença nos espaços de decisão ainda é tão pequena?
A resposta está nos obstáculos, visíveis e invisíveis, que elas enfrentam neste caminho. O machismo estrutural ainda enxerga a política como um espaço masculino. Feche os olhos e pense na imagem de um político. Provavelmente, um homem branco de meia-idade veio à sua mente. Essa construção social é um dos primeiros desafios a serem rompidos.
“O ataque às mulheres na política não é apenas um ataque individual. É uma tentativa de afastar todas nós desse espaço. Precisamos resistir, ocupar e transformar,” diz Dra Gabriela Garrido.
Assim como Marielle e tantas outras mulheres que ousaram romper barreiras, a delegada enfrenta campanhas de desinformação, tentativas de descredibilização e até ameaças. A violência política de gênero não se manifesta apenas por agressões físicas ou ameaças explícitas, mas também por estratégias sutis que tentam inviabilizar sua atuação: interrupções constantes em debates, desvalorização de suas propostas e a insistente redução de sua competência a estereótipos de gênero.
Quando a violência política silencia mulheres
A violência política de gênero tem um objetivo claro: impedir que mulheres exerçam poder. Esse fenômeno não é apenas um reflexo do machismo social, mas um mecanismo de manutenção do status quo. Quando mulheres são ameaçadas ou atacadas publicamente, a mensagem que se passa para as outras é clara: “esse lugar não é para você”.
O caso de Marielle Franco escancarou essa realidade. Mas não é um caso isolado. Em 2022, o Brasil viu um aumento no número de denúncias de violência política contra mulheres. Deputadas, vereadoras e candidatas relataram episódios de assédio, ameaças de morte e ataques virtuais coordenados. A violência é ainda mais severa contra mulheres negras, indígenas e LGBTQIA +.
Mas há formas de mudar essa realidade. Algumas medidas essenciais incluem:
• Punição rigorosa para a violência política de gênero:
É necessário que a Justiça atue com rapidez e eficiência para punir aqueles que tentam silenciar mulheres na política. A impunidade só reforça o ciclo de violência.
• Apoio e segurança para candidatas e eleitas: Mulheres que enfrentam o cenário político precisam saber que não estão sozinhas. Partidos, instituições e a sociedade civil devem oferecer suporte jurídico, emocional e físico.
• Compromisso coletivo para garantir voz e respeito: Não basta eleger mulheres. É preciso garantir que suas vozes sejam respeitadas, que suas pautas sejam levadas a sério e que suas trajetórias sejam protegidas.
• Educação política para combater o machismo estrutural: Desde cedo, é necessário desconstruir a ideia de que política é “coisa de homem”. Incentivar a participação feminina nos espaços de poder desde a juventude pode mudar essa realidade a longo prazo.
A delegada Gabriela Garrido é um exemplo de resistência e coragem, mas sua trajetória também reforça a necessidade de um ambiente mais seguro e igualitário para todas. Honrar o legado de mulheres como Marielle Franco significa continuar ocupando espaços, mesmo diante das dificuldades.
A luta continua
Marielle Franco não morreu em vão. Seu legado permanece vivo em cada mulher que ocupa um espaço que lhe foi historicamente negado. Delegada Gabriela Garrido é um exemplo de resistência, assim como tantas outras que, mesmo diante das dificuldades, seguem lutando para transformar a política brasileira.
A democracia precisa de mulheres. O Brasil precisa de mais mulheres no poder. Mas, para isso, é fundamental que a sociedade reconheça e combata a violência política de gênero. O silêncio não pode ser uma opção. É hora de agir para que, no futuro, nenhuma mulher precise pagar um preço tão alto por ocupar seu lugar.
A delegada Gabriela Garrido: Desafiando o Sistema
Entre as mulheres que enfrentam esse sistema desigual está a delegada Dra Gabriela Garrido. Reconhecida por seu trabalho na segurança pública e na defesa dos direitos das mulheres, Dra. Gabriela não se intimida diante dos desafios. Sua trajetória mostra que, quando mulheres ocupam cargos estratégicos, elas enfrentam resistência, mas também abrem caminhos para outras.
A delegada Gabriela Garrido representa a luta de muitas mulheres que, mesmo fora do ambiente legislativo, enfrentam a violência política de gênero. Seja por meio da descredibilização, das ameaças ou da tentativa de silenciamento, o objetivo dos ataques sempre é afastar as mulheres do poder.
O Brasil precisa de mais mulheres no poder, na política e na segurança pública. Não podemos permitir que a violência e o machismo estrutural continuem afastando mulheres que têm o direito de estar onde quiserem. Afinal, a democracia só será plena quando refletir a diversidade do povo brasileiro.