A classe artística de Vitória da Conquista está em movimento. Diante do abandono de equipamentos culturais emblemáticos da cidade, como o Cine Madrigal e o Teatro Municipal Carlos Jeovah, artistas, produtores culturais e entusiastas da arte têm se unido para reivindicar a revitalização desses espaços e a valorização da cultura local.
O Cine Madrigal, um dos símbolos culturais da cidade, permanece fechado desde 2015. Localizado no centro de Vitória da Conquista, o cinema, que já foi palco de grandes produções cinematográficas e eventos culturais, hoje se encontra em estado de completo abandono. O mesmo destino parece ter atingido o Teatro Municipal Carlos Jeovah, fundado em 1982 e situado na Praça da Bandeira. O teatro, que já recebeu espetáculos de renome nacional e local, está fechado há cinco anos, sem perspectivas de reabertura.
Outro espaço que chama atenção pelo descaso é a Casa Glauber Rocha, dedicada à memória do cineasta conquistense Glauber Rocha, considerado um dos maiores nomes do Cinema Novo no Brasil. A casa, que deveria ser um centro de referência cultural e histórica, está fechada e abandonada, sem qualquer iniciativa de preservação ou revitalização.
“A Casa de Glauber está lá, fechada e abandonada. Esses espaços estão gritando. Temos um filme nacional fazendo alarde no mundo, e esses três espaços refletem exatamente a mensagem desse filme: ‘Ainda estou aqui’”, destacou um ator local, que preferiu não se identificar. A fala faz referência ao recente sucesso do cinema brasileiro no cenário internacional, contrastando com a realidade de abandono dos equipamentos culturais na cidade.
Mobilização e reivindicações
Diante desse cenário, a classe artística de Vitória da Conquista decidiu agir. Uma carta aberta, endereçada ao Poder Executivo municipal, já reuniu milhares de assinaturas e propõe ações concretas para a revitalização do setor cultural. Entre as propostas, está o fortalecimento do Conselho Municipal de Cultura, a reabertura e manutenção dos equipamentos culturais e a criação de políticas públicas que garantam o financiamento e a gestão adequada desses espaços.
Segundo os organizadores da mobilização, a ideia é que a carta circule amplamente pela cidade antes de ser entregue à Prefeitura, para que a população compreenda a importância da cultura para o bem-estar e o desenvolvimento de Vitória da Conquista. A cultura não é um luxo, é uma necessidade. Esses espaços são fundamentais para a identidade da nossa cidade e para o futuro das próximas gerações.
Cultura como vetor de desenvolvimento
A mobilização da classe artística tem ganhado apoio de diversos setores da sociedade civil, que veem na cultura um vetor essencial para o desenvolvimento social e econômico da cidade. Além de ser um espaço de expressão e criação, a cultura gera empregos, movimenta a economia local e atrai turistas, contribuindo para a visibilidade de Vitória da Conquista no cenário regional e nacional.
Enquanto a carta segue coletando assinaturas, a esperança é que as autoridades municipais reconheçam a urgência de agir. Não podemos permitir que nossa história e nossa cultura sejam apagadas. Esses espaços precisam ser reabertos, revitalizados e colocados à disposição da população.
A Prefeitura de Vitória da Conquista ainda não se pronunciou sobre as reivindicações, mas a pressão da classe artística e da sociedade civil promete manter o tema em evidência nos próximos meses. Enquanto isso, a pergunta que fica é: até quando os gritos desses espaços culturais continuarão sem resposta?