A Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) emitiu um alerta preocupante sobre a baixa adesão à vacinação contra a dengue no Brasil. Embora o imunizante esteja disponível em 1,9 mil municípios onde a doença é endêmica, apenas metade das doses distribuídas pelo Ministério da Saúde foi aplicada até agora.
De acordo com dados do governo federal, 6.370.966 doses foram enviadas a estados e municípios entre 2024 e 20 de janeiro de 2025. Entretanto, a Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS) aponta que apenas 3.205.625 pessoas foram vacinadas até o momento, evidenciando o desafio de ampliar a cobertura vacinal.
Vacina Limitada a um Público Específico
A vacina Qdenga, desenvolvida pelo laboratório japonês Takeda Pharma e aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), começou a ser distribuída em fevereiro de 2024. Contudo, devido à produção limitada pelo fabricante, o público-alvo foi restrito a crianças de 10 a 14 anos. Essa faixa etária concentra altos índices de hospitalizações por dengue, ficando atrás apenas de pessoas idosas — grupo para o qual a vacina ainda não recebeu aprovação da Anvisa.
A imunização exige duas doses, aplicadas com um intervalo de 90 dias. Apesar da eficácia comprovada, o público-alvo parece hesitar, o que preocupa especialistas, dado o impacto da dengue em termos de mortalidade e sobrecarga do sistema de saúde.
Alternativa Nacional à Caminho
O Instituto Butantan anunciou em 22 de janeiro que iniciou a produção de sua própria vacina contra a dengue, denominada Butantan-DV. O imunizante ainda precisa de aprovação da Anvisa para ser disponibilizado à população. Segundo a ministra da Saúde, Nísia Trindade, a expectativa de vacinação em massa contra a dengue no país ainda é distante, e 2025 pode não registrar avanços significativos nesse aspecto.
Desafios para Ampliar a Cobertura
A baixa procura pela vacina contra a dengue reflete desafios logísticos, questões relacionadas à conscientização da população e o alcance de campanhas educativas. Para a SBIm, é urgente que estratégias sejam reforçadas, de forma a evitar surtos e complicações que já vêm afetando o sistema de saúde nos municípios mais vulneráveis.
A SBIm alerta que, sem um aumento na adesão ao imunizante, o Brasil continuará enfrentando ciclos intensos de dengue, com riscos elevados para a população e custos crescentes para o sistema de saúde.