Em janeiro de 2025, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reuniu ministros e assessores do primeiro escalão para definir o tom do ano que antecede as eleições presidenciais. A mensagem foi direta: era o momento da “colheita”. Após um período dedicado à reconstrução de políticas públicas e à reorganização administrativa, o governo cobrava resultados concretos das pastas e maior impacto das ações junto à população.
Ao fim do terceiro ano de mandato, o Palácio do Planalto conseguiu avançar em promessas centrais da campanha, especialmente nas áreas social e institucional. No entanto, a gestão também enfrentou obstáculos relevantes, como a relação instável com o Congresso Nacional, marcada por disputas em torno da agenda econômica e da liberação de emendas, além de um cenário externo adverso, com destaque para a crise provocada pelas tarifas impostas pelo governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que afetaram exportações brasileiras e ampliaram tensões diplomáticas.
Reformulação no alto escalão
2025 também ficou marcado como o ano de maior número de mudanças na equipe ministerial desde o início do atual mandato. Ao todo, Lula promoveu oito trocas no alto escalão, motivadas tanto por crises políticas quanto por ajustes estratégicos com foco no ciclo eleitoral de 2026.
Uma das mudanças mais simbólicas ocorreu na Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom). O então ministro Paulo Pimenta (PT-RS) deixou o cargo, dando lugar ao marqueteiro Sidônio Palmeira. A troca teve como objetivo modernizar a comunicação institucional, fortalecer a narrativa governamental e ampliar a presença do Executivo nas plataformas digitais, consideradas estratégicas diante do avanço da desinformação e da polarização política.
O presidente também promoveu alterações em outras pastas consideradas-chave. No Ministério da Saúde, Nísia Trindade foi substituída por Alexandre Padilha (PT-SP), que retornou ao cargo com a missão de acelerar entregas e dar maior visibilidade às ações do SUS. Já na Secretaria de Relações Institucionais, responsável pela articulação com o Congresso, Padilha foi substituído por Gleisi Hoffmann (PT-PR), em um movimento visto como tentativa de endurecer o diálogo político e reforçar a base governista no Parlamento.
Outra mudança de peso ocorreu na Secretaria-Geral da Presidência, com a nomeação do deputado federal Guilherme Boulos (PSol-SP) no lugar de Márcio Macêdo (PT-SE). A escolha sinalizou uma aproximação ainda maior do governo com movimentos sociais e setores da esquerda, além de ampliar o diálogo com a sociedade civil organizada.
Entregas e foco na reeleição
As mudanças tiveram como pano de fundo a necessidade de “arrumar a casa” e acelerar programas considerados fundamentais para o projeto de reeleição do presidente. Um dos principais exemplos é o programa Agora tem Especialistas, do Ministério da Saúde, que busca reduzir e, segundo o governo, eliminar as filas por consultas e procedimentos no Sistema Único de Saúde (SUS), uma das principais promessas de campanha de Lula.
Lançada ainda durante a gestão de Nísia Trindade, a iniciativa não alcançou os resultados esperados em sua fase inicial. Com a chegada de Padilha, o programa foi reformulado, ganhou novo desenho operacional e passou a contar com maior integração entre União, estados e municípios, além de parcerias com a rede privada conveniada ao SUS.
Desafios à frente
Apesar dos avanços, o governo encerra o terceiro ano sob pressão para transformar anúncios em resultados perceptíveis no cotidiano da população. Analistas avaliam que 2026 será decisivo para consolidar políticas públicas, recuperar indicadores econômicos e sociais e reduzir resistências no Congresso, especialmente em um ambiente político cada vez mais marcado pela disputa eleitoral.
Com a equipe reformulada e o discurso afinado em torno da entrega de resultados, o Planalto aposta que 2025 será o ano da virada definitiva entre a reconstrução institucional e a consolidação de marcas de governo que possam sustentar o projeto de continuidade no poder.





