O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve encerrar o atual mandato sob um recorde histórico de endividamento público. Dados divulgados pela Receita Federal neste sábado (27) apontam que, em outubro de 2025, a dívida pública nominal alcançou cerca de R$ 8,5 trilhões, o equivalente a 78,3% do Produto Interno Bruto (PIB). Já números do Banco Central indicam que a dívida do setor público consolidado chegou a R$ 9,75 trilhões.
O indicador é considerado um dos principais termômetros da solvência das contas públicas e tem sido acompanhado com atenção por analistas do mercado e por organismos internacionais. A trajetória de alta da dívida reforça preocupações sobre a sustentabilidade fiscal do país nos próximos anos.
Especialistas atribuem o avanço do endividamento a uma combinação de fatores, entre eles a manutenção da taxa básica de juros (Selic) em níveis elevados, o que aumenta o custo do serviço da dívida, e as dificuldades do governo em promover um ajuste fiscal mais consistente. O cenário é agravado por pressões de gastos e por receitas que não têm crescido no mesmo ritmo das despesas obrigatórias.
Dentro do próprio governo, o tema já foi motivo de alerta. Integrantes da equipe econômica chegaram a projetar, em cenários mais pessimistas, o risco de um colapso fiscal a partir de 2027, caso não haja mudanças estruturais capazes de conter a expansão da dívida e estabilizar a relação entre despesas e arrecadação.
Aprovado em 2023 para substituir o teto de gastos, o chamado arcabouço fiscal foi apresentado como um mecanismo para disciplinar as contas públicas e sinalizar compromisso com a responsabilidade fiscal. No entanto, ao longo do atual mandato, o governo tem promovido flexibilizações nas regras e retirado determinadas despesas da meta de resultado primário, o que, segundo críticos, reduz a eficácia do modelo.
Diante desse cenário, economistas avaliam que o desafio central do governo será conciliar políticas sociais e investimentos públicos com a necessidade de reequilibrar as contas, evitando que o aumento do endividamento comprometa o crescimento econômico e a credibilidade fiscal do país nos próximos anos.





