O Ministério da Saúde deu um passo decisivo para fortalecer a assistência especializada no Rio Grande do Sul ao firmar um acordo inédito que amplia as ações do programa Agora Tem Especialistas, voltado à redução das filas por cirurgias eletivas e procedimentos de média e alta complexidade no Sistema Único de Saúde (SUS). A iniciativa prevê a intensificação de mutirões cirúrgicos em regiões estratégicas do estado, consideradas prioritárias devido à elevada demanda reprimida por atendimentos especializados.
O acordo foi anunciado pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, durante agenda oficial em Porto Alegre, e será executado pelo Grupo Hospitalar Conceição (GHC), empresa pública federal vinculada ao ministério. A estratégia envolve a contratação de equipes médicas temporárias, além do reforço da infraestrutura assistencial, permitindo o aumento imediato da capacidade de atendimento em hospitais que já dispõem de estrutura adequada para expansão dos serviços.
Mutirões em regiões prioritárias
Os mutirões ocorrerão inicialmente em duas unidades hospitalares: o Hospital Universitário de Canoas, localizado na Região Metropolitana de Porto Alegre, e a Santa Casa de Misericórdia de São Lourenço do Sul, no sul do estado. As duas regiões enfrentam desafios históricos relacionados à espera prolongada por cirurgias eletivas.
A Região Metropolitana de Porto Alegre concentra atualmente as maiores filas cirúrgicas do Rio Grande do Sul, reflexo da alta densidade populacional e da demanda acumulada ao longo dos últimos anos. Já a região Sul do estado, onde está situada a Santa Casa de São Lourenço do Sul, apresenta os maiores tempos de espera para a realização de cirurgias, impactando diretamente a qualidade de vida dos pacientes.
De acordo com o planejamento apresentado pelo Ministério da Saúde, a expectativa é realizar cerca de 1.600 procedimentos por mês no Hospital Universitário de Canoas e aproximadamente 180 procedimentos mensais em São Lourenço do Sul. Esses números representam um avanço significativo na capacidade de resposta do SUS nessas localidades.
Ampliação das especialidades atendidas
As unidades foram selecionadas por apresentarem potencial de ampliação rápida da oferta de cirurgias, com salas operatórias, leitos e equipes de apoio capazes de absorver o aumento da demanda. Caberá ao Grupo Hospitalar Conceição contratar empresas especializadas, responsáveis por disponibilizar profissionais de saúde, equipamentos, insumos hospitalares e medicamentos necessários à realização dos mutirões.
Entre as especialidades que deverão ser contempladas estão cirurgia geral, cirurgia vascular, dermatologia cirúrgica, urologia, oftalmologia e ginecologia, podendo haver inclusão de outras áreas conforme as necessidades identificadas em cada região e a chegada dos profissionais contratados. A proposta é garantir maior resolutividade e reduzir o tempo de espera dos pacientes que aguardam há meses e, em alguns casos, anos por procedimentos cirúrgicos.
Segundo o ministro Alexandre Padilha, a iniciativa reforça o compromisso do governo federal com a ampliação do acesso à saúde especializada. “Estamos utilizando estruturas que já existem e que têm capacidade de produzir mais. Isso significa reduzir filas, aliviar o sofrimento das pessoas e garantir um atendimento mais rápido e digno à população”, afirmou.
Novo Centro de Apoio ao Diagnóstico e Terapia
Durante o anúncio, o ministro também confirmou o início das obras do Centro de Apoio ao Diagnóstico e Terapia (CADT), que fará parte da estrutura do Grupo Hospitalar Conceição, em Porto Alegre. O novo equipamento é considerado estratégico para a modernização da rede pública de saúde no estado e deverá realizar mais de 700 mil exames e procedimentos por ano quando estiver em pleno funcionamento.
Com mais de 19 mil metros quadrados de área construída, o CADT concentrará uma ampla gama de serviços, incluindo exames de imagem e laboratoriais, hemodinâmica, endoscopia, hemodiálise e hemoterapia. O centro também contará com setores de medicina nuclear e radiointervenção, ampliando o acesso a procedimentos de alta complexidade e atendendo pacientes de todas as regiões do Rio Grande do Sul.
A obra contará com investimentos de R$ 200 milhões, oriundos do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (Novo PAC). Segundo Padilha, o projeto prevê a construção de um prédio de nove andares, que irá concentrar exames como ressonância magnética, tomografia computadorizada e ultrassonografia, otimizando fluxos, reduzindo deslocamentos e ampliando a eficiência do atendimento.
Recorde de atendimentos e impacto no SUS
O ministro destacou ainda o desempenho do Grupo Hospitalar Conceição ao longo do ano. De acordo com Padilha, o GHC deve encerrar o período com um recorde superior a 4 milhões de exames e procedimentos realizados. Com a entrada em funcionamento do novo centro, a expectativa é acrescentar mais 700 mil atendimentos por ano, fortalecendo a capacidade assistencial do SUS no estado.
“Quando o novo centro estiver pronto, teremos uma estrutura mais moderna, eficiente e humanizada, tanto para os trabalhadores da saúde quanto para os pacientes. Isso representa um salto de qualidade no atendimento público e um avanço concreto na redução das filas”, ressaltou o ministro.
Com a ampliação dos mutirões cirúrgicos e os investimentos em infraestrutura diagnóstica, o Ministério da Saúde reforça a estratégia de descentralizar e qualificar o acesso aos serviços especializados, promovendo mais equidade e eficiência no atendimento à população gaúcha e consolidando o programa Agora Tem Especialistas como uma das principais ações de enfrentamento às filas no SUS.





