O legado de Mãe Stella de Oxóssi, uma das maiores lideranças religiosas e intelectuais do Brasil, foi celebrado com emoção e reverência na noite desta quarta-feira (19), na Concha Acústica do Teatro Castro Alves (TCA), em Salvador. O concerto “Meu Tempo é Agora”, promovido pelo Governo do Estado, integrou a programação gratuita do Novembro Negro Bahia e homenageou o centenário da yalorixá, referência nacional pela defesa das tradições de matriz africana, pelo combate ao racismo religioso e pela contribuição histórica à educação antirracista.
Referência nacional em fé, cultura e cidadania
Quinta ialorixá do Ilê Axé Opô Afonjá, Maria Stella de Azevedo Santos construiu um caminho que ultrapassou os limites do terreiro. Reconhecida como imortal da Academia de Letras da Bahia, Mãe Stella dedicou a vida à valorização das tradições afro-brasileiras e à construção de pontes entre espiritualidade, cidadania e conhecimento. Sua atuação firme contra o racismo religioso e sua defesa da educação como instrumento de transformação resultaram em iniciativas como a criação da Escola Eugênio Anna, um marco na difusão de práticas educacionais antirracistas.
O concerto “Meu Tempo é Agora” simboliza a continuidade desse legado, reafirmando a importância de Mãe Stella para a identidade baiana e brasileira, e reforçando o papel central das lideranças de matriz africana na construção da memória e da resistência no país.
Celebração ancestral na Concha Acústica
Realizado pela Secretaria de Promoção da Igualdade Racial e dos Povos e Comunidades Tradicionais (Sepromi) em parceria com a Secretaria de Turismo da Bahia (Setur-BA), o espetáculo reuniu grandes nomes da música e da cultura afro-baiana. A Orquestra Afrosinfônica, sob regência do maestro Ubiratan Marques, conduziu a apresentação, que contou com performances de Mariene de Castro, Lazzo Matumbi, Gerônimo Santana, Graça Onasilê, além do Coral do Axé Opô Afonjá, Koanza, Filhos de Gandhy e o Bando de Teatro Olodum.
O acesso ao evento seguiu a proposta solidária do Novembro Negro: o público doou 1 kg de alimento não perecível, destinado ao programa Bahia Sem Fome, que atende famílias em situação de vulnerabilidade social em todo o estado.
Música, espiritualidade e memória
Em uma celebração multilinguagem, o concerto revisitou a trajetória de Mãe Stella por meio de música, teatro e referências simbólicas à sua espiritualidade. O repertório, marcado por experimentações estéticas e sonoridades ancestrais, conduziu o público a um percurso de memória, devoção e resistência.
Para o cantor baiano Lazzo Matumbi, que emocionou o público com sua apresentação, o momento foi de profunda conexão ancestral:
“O Novembro Negro celebra uma grande mãe de santo, unindo toda a energia ancestral do momento para chegar ao coração de todos os presentes.”
Um legado que atravessa gerações
A homenagem na Concha Acústica reforça o impacto de Mãe Stella de Oxóssi para o Brasil contemporâneo não apenas como líder religiosa, mas como intelectual, educadora e símbolo de luta contra todas as formas de discriminação.
Seu centenário, celebrado com arte e espiritualidade, destaca a atualidade de suas mensagens e a urgência de seguir fortalecendo políticas públicas que valorizem a igualdade racial, a liberdade religiosa e a preservação das tradições afro-brasileiras.
A noite dedicada a Mãe Stella foi, ao mesmo tempo, memória e futuro um chamado para reconhecer que, como aponta o título do concerto, o tempo dela permanece agora.
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