O encontro entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, realizado no último domingo (26), durante agenda na Ásia, repercutiu de forma imediata no cenário político brasileiro e ganhou eco na Bahia. A reunião, incomum do ponto de vista diplomático já que Trump não ocupa cargo oficial no governo norte-americano , foi interpretada de maneiras opostas por parlamentares baianos alinhados à direita e à esquerda.
A visita ocorreu em meio a discussões globais sobre comércio, redesenho de alianças estratégicas e disputas de influência entre Estados Unidos e China. Desde que voltou ao Palácio do Planalto, Lula tem buscado recolocar o Brasil como protagonista internacional, defendendo o multilateralismo e o fortalecimento de alianças históricas. Já Trump, que tenta retornar ao poder nos EUA, aproveita o momento para ampliar sua presença no debate internacional.
Críticas da oposição baiana: “mãos vazias” e desconfiança com a agenda
Entre aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), prevaleceu o ceticismo. O deputado federal Capitão Alden (PL-BA) classificou o encontro como ineficaz para o Brasil e afirmou que Lula busca prestígio externo sem resultados concretos.
“O encontro de Lula com Trump só serviu para expor a irrelevância do petista no cenário internacional. Ele foi buscar prestígio e voltou de mãos vazias, enquanto ouviu o nome de Bolsonaro ser elogiado. Isso mostra quem realmente tem respeito lá fora e quem vive de encenação aqui dentro”, declarou Alden.
Já o deputado estadual Leandro de Jesus (PL) adotou tom mais cauteloso, mas insistiu que a aproximação não gera confiança no campo conservador. O parlamentar mencionou como ponto positivo apenas o diálogo institucional mantido entre o governo brasileiro e lideranças norte-americanas, como o secretário de Estado, Marco Rubio.
“Há sempre espaço para diálogo entre países, mas é preciso observar os interesses em jogo. Não somos ingênuos em relação às alianças que Lula busca construir”, argumentou.
Apoio governista: “diplomacia é soberania e estratégia de Estado”
No campo governista, a leitura é oposta. Para o deputado estadual Robinson Almeida (PT), o encontro simboliza o reposicionamento do Brasil como interlocutor global relevante.
“A retomada das negociações mostra o acerto do presidente Lula em manter o Brasil soberano e dialogando com todas as nações, sem submissão, pensando nos interesses do país e na reconstrução de sua imagem internacional”, disse.
Aliados do Planalto sustentam que o diálogo, independentemente das diferenças ideológicas, fortalece o comércio, atrai investimentos e reduz o isolamento diplomático vivido nos últimos anos.
Caso Bolsonaro volta ao centro do debate e acirra discursos
A repercussão do encontro também serviu de combustível para que a oposição retomasse críticas às ações judiciais envolvendo Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF). Para Capitão Alden, o julgamento representa um ataque político.
“O que vemos é um processo político disfarçado de jurídico, um tribunal de exceção tentando calar a maior liderança popular do país”, afirmou o deputado, dizendo esperar que os próximos passos sirvam para “expor arbitrariedades”.
Leandro de Jesus foi ainda mais duro:
“Não me gera grande expectativa porque sabemos que se trata de uma inquisição, de uma perseguição política. A tendência é que os votos se mantenham, ainda que os embargos busquem esclarecimentos”, disse.
Análise: encontro atípico, repercussão previsível e clima eleitoral no ar
Especialistas em relações internacionais ouvidos por bastidores afirmam que a reunião Lula-Trump teve forte peso simbólico, mas efeito prático limitado no curto prazo. Por outro lado, analistas políticos lembram que a repercussão interna era previsível: o episódio alimenta as duas principais narrativas que dominam a política brasileira desde 2018 o antipetismo e o anti bolsonarismo.
Com eleições municipais se aproximando e o ciclo presidencial de 2026 já no horizonte, cada gesto, cada viagem e cada fotografia internacional tende a ser incorporada ao jogo político.
Conclusão: projeção externa e disputa interna seguem entrelaçadas
As reações de parlamentares baianos evidenciam que o Brasil continua vivendo uma disputa narrativa intensa e polarizada. Enquanto o governo aposta na diplomacia como instrumento de reconstrução da imagem do país, a oposição usa o embate externo e o caso Bolsonaro para mobilizar sua base e manter viva a bandeira da resistência ao PT.
No momento, mais do que resultados concretos, o encontro entre Lula e Trump funciona como combustível para discursos e o cenário mostra que a arena política brasileira seguirá acesa dentro e fora do país.
Acompanhe mais notícias em nossa rede social: @blogportalnoticiasbahia.





