No domingo, 7 de setembro, dia em que se celebra a Independência do Brasil, apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) prometem tomar ruas e praças em várias cidades do país. Na Bahia, o ato está programado para acontecer em um dos principais cartões-postais de Salvador: o Farol da Barra, onde a concentração deve começar às 9h.
A mobilização tem como principal bandeira a defesa da nova versão do projeto de lei da Anistia, apresentada pelo líder do PL na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante. O texto propõe o perdão para crimes relacionados a inquéritos e processos que envolvem apoiadores do bolsonarismo desde 2019, incluindo o inquérito das fake news, além de abrir caminho para que Bolsonaro possa concorrer nas eleições presidenciais de 2026.
Em Salvador, a manifestação está sendo articulada pelo deputado federal Capitão Alden (PL), um dos nomes mais próximos ao núcleo bolsonarista na Bahia. Para ele, o momento é crucial: “Estamos diante de uma data decisiva para a nossa história recente. É fundamental que os apoiadores estejam presentes no Farol da Barra, demonstrando força, união e resistência em defesa da liberdade e da democracia”, afirmou em vídeo divulgado em suas redes sociais.
Além da pauta da anistia, os organizadores também planejam realizar homenagens aos presos e investigados pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, quando manifestantes invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes, em Brasília. O episódio resultou em centenas de prisões e continua sendo alvo de processos no Supremo Tribunal Federal (STF), que classifica a ação como tentativa de golpe contra a ordem democrática.
Caravanas vindas de diferentes regiões da Bahia estão sendo organizadas para reforçar a presença no ato. Lideranças locais ligadas ao PL e a partidos de direita confirmaram participação, e a expectativa dos organizadores é de que Salvador seja um dos principais polos de mobilização do 7 de Setembro no Nordeste.
Repercussões e críticas
Enquanto aliados de Bolsonaro tratam o projeto da anistia como símbolo de “reparação histórica”, setores da oposição e representantes do governo federal criticam duramente a proposta. Parlamentares da base do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) argumentam que a medida abriria um precedente perigoso ao perdoar crimes contra o Estado democrático de direito.
Juristas e especialistas em direito constitucional também têm se manifestado contra a proposta. Para eles, conceder anistia a réus e investigados do 8 de janeiro significaria enfraquecer instituições e comprometer a segurança jurídica do país. O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, declarou recentemente que a responsabilização pelos atos golpistas é “essencial para que nunca mais se repitam ataques contra a democracia brasileira”.
Clima político
A mobilização deste domingo se soma a um ambiente de forte polarização no país. De um lado, bolsonaristas aposta na narrativa de perseguição judicial contra o ex-presidente e seus aliados; de outro, setores do governo e movimentos sociais alertam para o risco de um “apagamento histórico” dos crimes cometidos.
Com o 7 de Setembro tradicionalmente marcado por desfiles cívicos e celebrações oficiais, a expectativa é que a disputa simbólica se intensifique, reforçando o clima de confronto político que deve se estender até as eleições municipais de 2024 e, posteriormente, até a corrida presidencial de 2026.