O Farol da Barra, um dos principais cartões-postais de Salvador, foi tomado por manifestantes bolsonaristas na manhã deste domingo (7), durante as comemorações do Dia da Independência do Brasil. O ato reuniu centenas de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que se concentraram no local com bandeiras, cartazes e mensagens em defesa do ex-chefe da República, atualmente em prisão domiciliar em Brasília.
Em meio às cores verde e amarela, que dominaram a paisagem, chamou atenção a presença de bandeiras estrangeiras, especialmente dos Estados Unidos e de Israel, além de faixas e mensagens em inglês, reforçando o tom internacional da manifestação. Muitos participantes entoaram palavras de ordem contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e pediram liberdade para Bolsonaro, denunciando o que chamam de “perseguição política” por parte das instituições.
A mobilização acontece justamente na semana em que o STF deve concluir o julgamento de Bolsonaro, acusado de tentativa de golpe de Estado após os eventos de 8 de janeiro de 2023. O clima foi de protesto contra a Corte, com discursos inflamados que pediam “respeito à vontade popular” e criticavam as decisões judiciais.
Entre os presentes, destacaram-se nomes do Partido Liberal na Bahia, como o deputado estadual Capitão Alden, o casal de parlamentares João Roma e Roberta Roma, além da médica e ex-secretária de Saúde da Bahia, Dra. Raissa Soares. Os políticos reforçaram a narrativa de que o ex-presidente sofre perseguição e buscaram mobilizar a militância para manter o movimento ativo, apesar da ausência física de Bolsonaro.
Tradição bolsonarista no 7 de Setembro
As manifestações do 7 de Setembro se tornaram marca do bolsonarismo desde 2021, quando Bolsonaro convocou atos em diversas capitais brasileiras e mobilizou grandes multidões em Brasília e São Paulo. De lá para cá, a data vem sendo utilizada por apoiadores para reforçar o discurso de defesa da pátria, da liberdade e da religião, elementos centrais no discurso do ex-presidente.
Em Salvador, o Farol da Barra, ponto turístico de grande visibilidade, foi escolhido como palco estratégico para dar repercussão nacional às manifestações. Com discursos, cânticos e a presença de lideranças políticas, o ato buscou manter acesa a chama do movimento mesmo em meio ao desgaste provocado pelos processos judiciais e pela prisão domiciliar de Bolsonaro.
Repercussão política
A manifestação também projeta impactos no cenário político baiano e nacional. Para especialistas, a mobilização tem o objetivo de mostrar que, apesar das restrições impostas pela Justiça, Bolsonaro ainda mantém forte base de apoio popular, especialmente no Nordeste, região onde tradicionalmente enfrenta maior resistência eleitoral.
Enquanto aliados destacam a resiliência do movimento e a adesão simbólica das bandeiras de outros países como sinal de alianças ideológicas, críticos apontam a contradição de se celebrar a Independência do Brasil hasteando símbolos estrangeiros.
O ato em Salvador reforça, portanto, a estratégia bolsonarista de manter viva a mobilização social em torno da figura de Bolsonaro, transformando o 7 de Setembro em mais do que uma data cívica: um palco permanente de disputa política e narrativa.