Os medicamentos e produtos farmacêuticos lideram a lista de itens importados pelo Brasil dos Estados Unidos em 2025. De acordo com dados do comércio exterior, o setor médico tem peso significativo na balança comercial entre os dois países. A princípio, esses produtos não devem ser atingidos pelo tarifaço anunciado por Donald Trump, caso avance sua política de taxação sobre produtos brasileiros. No entanto, a possibilidade de uma retaliação por parte do Brasil gera apreensão entre especialistas e representantes da indústria da saúde.
Em 2024, o Brasil importou cerca de 10 bilhões de dólares em produtos da área médica. A lista inclui desde medicamentos de alto custo, como os usados no tratamento de câncer e doenças raras, até equipamentos cirúrgicos, reagentes para exames laboratoriais, instrumentos e aparelhos hospitalares. A maior parte desses itens veio dos Estados Unidos, que são um dos principais parceiros comerciais do Brasil nesse setor.
Segundo o CEO da Associação Brasileira de Indústria de Dispositivos Médicos (Abimo), Paulo Fraccaro, uma eventual retaliação comercial brasileira pode ter efeitos colaterais diretos na população. Ele alerta que a elevação de tarifas sobre medicamentos e dispositivos médicos pode encarecer tratamentos essenciais, pressionando o sistema de saúde público e privado.
Ainda de acordo com o executivo, o Brasil tem buscado ampliar sua capacidade de produção nacional, mas a dependência de insumos importados ainda é significativa. Ele defende que a saúde deve ser tratada como setor estratégico, fora de disputas comerciais.
O governo brasileiro ainda avalia possíveis medidas em resposta ao tarifaço norte-americano. O Itamaraty e o Ministério da Indústria e Comércio têm feito reuniões com representantes dos setores mais sensíveis à mudança, como o agronegócio e a indústria farmacêutica.
Enquanto isso, entidades médicas e associações de pacientes se mobilizam para evitar que produtos de uso vital sejam incluídos em eventuais listas de retaliação. Para muitos, o risco é claro: uma guerra comercial pode custar vidas.