As negociações entre autoridades brasileiras e americanas em Washington seguem sem avanços concretos a poucos dias da entrada em vigor do tarifaço imposto pelos Estados Unidos a produtos brasileiros. Prevista para começar na próxima sexta-feira, 1º de agosto, a medida prevê sobretaxas de até 50% sobre uma ampla gama de exportações do Brasil.
A principal barreira atualmente é uma exigência política feita pelo ex-presidente Donald Trump, de que o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro seja imediatamente encerrado no Brasil. Essa condição, considerada impraticável por autoridades brasileiras, tem travado qualquer progresso nas tratativas, inclusive as de cunho técnico e comercial.
Apesar de intensas reuniões envolvendo representantes de governos, empresários e diplomatas, não há sinal de recuo na decisão norte-americana nem de flexibilização por parte dos interlocutores ligados a Trump. A exigência de Trump, embora não formalizada pelo governo dos Estados Unidos, tem tido influência significativa nas conversas, especialmente com o avanço da pré-campanha republicana para as eleições de 2026. Bolsonaro mantém laços políticos estreitos com o ex-presidente americano, que tenta usar a pauta comercial como instrumento de pressão internacional.
A expectativa, até o momento, é de que as tarifas sejam aplicadas conforme previsto. O Itamaraty e o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços avaliam alternativas legais e diplomáticas para contestar a medida, incluindo eventual recurso à Organização Mundial do Comércio (OMC).
Enquanto isso, setores da economia brasileira, especialmente o agronegócio e a indústria de transformação, demonstram crescente preocupação com os efeitos do tarifaço. Estima-se que as novas tarifas possam impactar diretamente mais de US$ 8 bilhões em exportações brasileiras.
O governo brasileiro ainda não se pronunciou oficialmente sobre a exigência de Trump. Em nota, o Ministério das Relações Exteriores informou apenas que “segue em diálogo com autoridades americanas visando minimizar os impactos das medidas tarifárias anunciadas”.