O Brasil atingiu em 2024 o maior número de feminicídios desde que esse tipo de crime passou a ser oficialmente registrado em 2015. De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, elaborado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, foram 1.492 mulheres assassinadas pelo simples fato de serem mulheres. O aumento foi de 1% em relação ao ano anterior.
O levantamento traça um perfil alarmante das vítimas. A maioria era mulher negra, representando 64% dos casos. A faixa etária predominante está entre 18 e 44 anos, o que corresponde a 70% das vítimas. Em 64% dos feminicídios, o crime ocorreu dentro da própria casa da mulher.
O agressor, na esmagadora maioria das vezes, era um homem. Eles foram responsáveis por 97% dos casos registrados. Em 80% das ocorrências, o autor do crime era companheiro ou ex-companheiro da vítima. A arma branca foi o instrumento utilizado em quase metade dos feminicídios, presente em 48% dos assassinatos.
O Fórum ainda chama atenção para outro dado perturbador. Ao menos 121 das mulheres assassinadas em 2023 e 2024 estavam sob medidas protetivas no momento em que foram mortas. Isso levanta preocupações sobre a eficácia das políticas de proteção e a resposta do Estado em prevenir esse tipo de violência.
O anuário também revelou outro dado preocupante: as mortes intencionais de crianças e adolescentes de até 17 anos cresceram 4% em 2024, totalizando 2.356 vítimas. A elevação quebra uma sequência de quedas nesse índice, observada desde 2020.
Especialistas do Fórum alertam para a necessidade de reforçar políticas públicas voltadas à prevenção da violência de gênero e da proteção à infância e juventude. O aumento nos números evidencia fragilidades do sistema de justiça, da segurança e da rede de proteção social diante da violência letal no país.