A Polícia Civil do Rio de Janeiro deflagrou, na manhã desta terça-feira (27), uma operação para desarticular um esquema criminoso responsável por fraudar o sistema do Bilhete Único Intermunicipal. Segundo as investigações, a organização criminosa, integrada por empresas permissionárias de vans, teria movimentado ilicitamente cerca de R$ 900 milhões por ano.
De acordo com a Polícia Civil, os suspeitos manipulavam o sistema de validação eletrônica de passagens, simulando dezenas de embarques por hora em veículos que possuem capacidade limitada a apenas 15 passageiros. Em um dos casos identificados, foram registradas 34 validações do bilhete em apenas uma hora.
O esquema criminoso operava principalmente em linhas intermunicipais de transporte alternativo, que ligam municípios da Baixada Fluminense como Guapimirim, Magé, Piabetá e Raiz da Serra ao centro da capital fluminense.
As investigações apontam que os fraudadores realizavam múltiplas validações de forma sequencial, muitas vezes com os veículos parados e completamente vazios, apenas para gerar um alto número fictício de “embarques”. Cada validação acionava um crédito no sistema, que, por ser subsidiado pelo governo estadual, gerava automaticamente um valor a ser reembolsado aos permissionários.
Ainda segundo a polícia, os cartões utilizados na fraude pertenciam a terceiros que sequer estavam presentes nas viagens simuladas, o que reforça a tese de que o esquema consistia em uma operação meticulosamente estruturada para desviar recursos públicos.
A operação realizada nesta terça-feira contou com mandados de busca e apreensão em diversas localidades da Baixada Fluminense e no centro do Rio de Janeiro. Até o momento, não há informações sobre prisões, mas a Polícia Civil informou que os responsáveis poderão responder por crimes como estelionato, falsidade ideológica e associação criminosa.
O Bilhete Único Intermunicipal foi criado com o objetivo de facilitar a mobilidade e reduzir os custos do transporte para os passageiros que realizam deslocamentos entre municípios. O subsídio governamental, entretanto, tornou-se alvo de fraudes milionárias, como a identificada nesta operação.
As investigações continuam e a Polícia Civil não descarta novas fases da operação, bem como o indiciamento de outros envolvidos. A Secretaria de Transporte do Estado do Rio de Janeiro afirmou que colabora com as investigações e que irá reforçar os mecanismos de fiscalização e controle do sistema de bilhetagem eletrônica.