Diante do abandono paterno e das dificuldades para garantir direitos básicos, milhões de mulheres brasileiras assumem, sozinhas, a responsabilidade de criar os filhos e sustentar suas famílias. Sem amparo institucional ou familiar, muitas constroem redes de apoio com outras mulheres que compartilham os mesmos desafios, criando uma cadeia de solidariedade e resistência silenciosa.
Segundo levantamento da Fundação Getúlio Vargas , mais de 11 milhões de mulheres no Brasil criavam sozinhas os filhos em 2022. O número, alarmante, revela não apenas uma realidade social negligenciada, mas também o peso da desigualdade de gênero nas estruturas familiares e econômicas do país.
Para essas mães solo, a ausência do genitor não é apenas emocional: ela se traduz na sobrecarga física e financeira. Além de prover o sustento do lar, elas enfrentam obstáculos diários como a falta de vagas em creches, jornadas de trabalho exaustivas, e o preconceito ainda enraizado contra a mulher que “cria filhos sozinha”.
Especialistas alertam para a urgência de políticas públicas direcionadas a esse grupo, como a ampliação do acesso a creches, programas de transferência de renda, capacitação profissional e mecanismos eficazes de cobrança da pensão alimentícia. A mãe solo é penalizada duplamente: por cuidar sozinha e por não ter uma rede institucional de suporte. Isso precisa mudar.
Enquanto políticas estruturais não avançam, essas mulheres seguem enfrentando, juntas, os percalços de uma realidade dura. Sustentam seus lares, educam seus filhos e constroem, entre si, os laços de solidariedade que o poder público insiste em negar.