A sessão do Supremo Tribunal Federal (STF) foi marcada por um intenso embate entre os ministros André Mendonça e Flávio Dino. O motivo da discórdia foi a análise de uma ação que contesta a elevação da pena para crimes contra a honra como calúnia, difamação e injúria quando cometidos contra funcionários públicos no exercício de suas funções.
O debate ganhou contornos acalorados quando o ministro Flávio Dino apresentou seu voto divergente, posicionando-se a favor da constitucionalidade do agravamento da pena nesses casos, desde que esteja caracterizada a injúria. Segundo ele, a medida é necessária para proteger a integridade institucional e o funcionamento do serviço público. “A autoridade pública não pode ser alvo de ataques que busquem desmoralizar o exercício de suas funções. A injúria contra o servidor é, em última instância, uma agressão ao próprio Estado democrático”, afirmou ministro Flávio Dino.
O ministro André Mendonça, no entanto, demonstrou forte oposição à tese defendida pelo colega. Para ele, o aumento da pena em função do cargo da vítima fere o princípio da igualdade perante a lei e cria um privilégio penal injustificado. “O cidadão comum merece a mesma proteção que qualquer servidor público. O direito penal não pode ser instrumento de blindagem de autoridades”, rebateu o ministro André Mendonça, em tom crítico.
O embate refletiu uma tensão mais ampla sobre os limites da liberdade de expressão e o papel do Estado na proteção de seus agentes. Dino, recém-chegado à Corte e ex-ministro da Justiça, tem adotado posições firmes em defesa das instituições, enquanto o ministro André Mendonça, indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, tem se destacado por uma atuação mais garantista.
O julgamento ainda não foi concluído, e os demais ministros devem apresentar seus votos nas próximas sessões. A decisão do STF terá impacto direto na jurisprudência penal e poderá influenciar futuras ações envolvendo a honra de agentes públicos, especialmente em tempos de alta polarização política.
Enquanto o placar permanece indefinido, o episódio desta quarta-feira evidencia as divergências internas na Corte sobre temas sensíveis e ressalta o papel do STF como arena de debates decisivos para os rumos jurídicos e institucionais do país.