Nesta sábado (19), o Brasil celebra o Dia dos Povos Indígenas, data marcada para homenagear a resistência, a cultura e a história dos primeiros habitantes deste território. No entanto, em Vitória da Conquista, terceira maior cidade da Bahia, a data passa praticamente despercebida, revelando o descaso histórico do poder público com os povos originários que vivem no município e arredores.
Com comunidades indígenas registradas oficialmente pela Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas), Vitória da Conquista abriga representantes de diferentes etnias que seguem lutando por visibilidade, reconhecimento e acesso a direitos básicos. Para o cacique Catitu, uma das lideranças indígenas mais atuantes na região, a ausência de políticas públicas voltadas para os indígenas em Vitória da Conquista evidencia o racismo estrutural e a marginalização cultural.
“Aqui, nem o Dia dos Povos Indígenas é lembrado. Antes as escolas celebravam, faziam atividades. Hoje, isso foi abandonado. Nossa cultura foi silenciada dentro das salas de aula”, denuncia o cacique Catitu .
A ausência de comemorações oficiais no município chama a atenção, especialmente em um período em que o Brasil busca reparar dívidas históricas com os povos indígenas. A tradição de valorizar a cultura originária em ambientes escolares, comum em outras épocas, foi praticamente extinta, conforme relatam lideranças locais.
Apesar do cenário de apagamento cultural, algumas conquistas foram possíveis graças à mobilização conjunta entre lideranças e órgãos oficiais. Uma das principais vitórias foi a garantia de cotas para indígenas na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, resultado de articulações entre a Funai e representantes como o próprio cacique Catitu.
A medida representa um passo importante para o acesso dos jovens indígenas ao ensino superior, mas a luta está longe de terminar. Ainda há desafios relacionados à demarcação de terras, acesso à saúde indígena, preservação das línguas nativas e valorização da identidade cultural nas instituições educacionais da cidade.
Enquanto a maioria da população de Vitória da Conquista segue alheia à data de 19 de abril, as vozes indígenas continuam ecoando por respeito, representatividade e justiça. Como afirma Cacique Catitu, “nós somos parte desta terra. E só queremos que nossa história, nossa língua e nossos saberes sejam reconhecidos e respeitados.”
A data de 19 de abril foi instituída no Brasil em 1943, originalmente como “Dia do Índio”, e recentemente reformulada para “Dia dos Povos Indígenas”, visando abranger a diversidade de culturas e realidades dos mais de 300 povos originários do país. A mudança também busca romper com estereótipos e reforçar o protagonismo indígena na construção da história nacional.