A proposta de reforma do Imposto de Renda (IR) elaborada pelo governo federal e prestes a ser enviada ao Congresso Nacional tem gerado debates acalorados no meio econômico e político. Segundo cálculos da Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Unafisco), a medida poderá causar uma redução anual de até R$ 51 bilhões na arrecadação a partir de 2026.
O principal ponto da proposta é a ampliação da faixa de isenção do IR para pessoas físicas que recebem até R$ 5 mil mensais. Atualmente, estão isentos do pagamento aqueles que ganham até R$ 2.640. A ampliação dessa faixa representa uma tentativa do governo de aliviar a carga tributária sobre a classe média e os trabalhadores de menor renda, mas especialistas apontam para os desafios fiscais que a mudança pode trazer.
De acordo com a Unafisco, a redução estimada de R$ 51 bilhões na arrecadação representará um impacto significativo nas contas públicas.
Por outro lado, economistas defensores da reforma argumentam que a medida pode estimular o consumo interno, promovendo crescimento econômico e compensando parcialmente a perda de receita por meio de outros tributos indiretos. A ampliação da isenção, segundo o governo, é uma forma de tornar o sistema tributário mais justo, beneficiando diretamente trabalhadores que enfrentam a alta inflação e o aumento do custo de vida.
O governo estuda alternativas para compensar a perda de arrecadação. Entre as possibilidades estão o aumento da tributação sobre lucros e dividendos, atualmente isentos, e a revisão de benefícios fiscais concedidos a setores específicos da economia.
A proposta será enviada ao Congresso no início de 2025 e já está sendo considerada uma das prioridades do governo. Líderes partidários avaliam que a reforma do IR será um dos temas centrais do debate legislativo, com potencial para influenciar as discussões sobre o Orçamento Geral da União.
A reforma do Imposto de Renda promete ser uma das pautas mais polêmicas e relevantes do próximo ano legislativo. Enquanto a ampliação da isenção para quem ganha até R$ 5 mil é vista como uma vitória para a classe trabalhadora, as consequências fiscais colocam em evidência o delicado equilíbrio entre justiça tributária e responsabilidade fiscal.
O desfecho do debate no Congresso determinará não apenas o impacto financeiro para o governo, mas também o grau de apoio popular à medida, que, segundo analistas, poderá ser decisivo para o cenário político nos próximos anos.