O Brasil registrou 1.450 feminicídios em 2024, número 0,83% maior que o do ano anterior, que contabilizou 1.438 casos. Os dados são do Relatório Anual Socioeconômico da Mulher (Raseam) 2025, lançado pelo Ministério das Mulheres, em cerimônia realizada na capital federal. Além dos feminicídios, o levantamento também identificou 2.485 homicídios dolosos e lesões corporais seguidas de morte de mulheres ao longo do ano passado.
O relatório traça um panorama preocupante da violência de gênero no país, evidenciando que, mesmo com avanços em políticas públicas, o feminicídio ainda persiste como uma das formas mais extremas de violência contra a mulher. Em média, quatro mulheres foram assassinadas por dia no Brasil apenas por sua condição de gênero.
Outra estatística que chama atenção diz respeito aos crimes de estupro. Em 2024, foram registrados 71.892 casos de estupro de mulheres – o equivalente a 196 por dia. Apesar da gravidade, houve uma redução de 1,44% em relação a 2023, sinalizando uma possível tendência de queda.
A ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, destacou que os números refletem tanto os desafios persistentes quanto os avanços conquistados. “A queda nos números da violência de gênero, especialmente no caso dos estupros, é resultado direto dos esforços contínuos das políticas públicas, da mobilização nacional pelo feminicídio zero, dos debates promovidos em todo o país e da mudança de comportamento da sociedade sobre quando e como intervir nos casos de violência”, afirmou.
Entre as ações mencionadas pela ministra estão o fortalecimento da rede de proteção às mulheres, o investimento em casas de acolhimento, a ampliação de canais de denúncia como o Ligue 180 e campanhas educativas que têm como foco a prevenção e o rompimento do ciclo de violência.
Apesar das iniciativas, especialistas alertam que os dados ainda estão longe de representar um cenário aceitável. Esses números revelam que ainda vivemos uma epidemia de violência contra a mulher no Brasil. É necessário um compromisso contínuo e integrado entre os governos, a sociedade civil e o sistema de justiça para transformar essa realidade.
O Raseam 2025 também traz análises sobre condições socioeconômicas das mulheres brasileiras, mercado de trabalho, educação, saúde e participação política. A publicação anual é considerada uma das principais ferramentas para o monitoramento das desigualdades de gênero no país.
Ligações de ajuda
Se você ou alguém que você conhece está sofrendo violência doméstica ou de gênero, procure ajuda. Ligue para o 180 Central de Atendimento à Mulher que funciona 24 horas por dia, de forma gratuita e sigilosa.