A divulgação dos resultados do Concurso Público Nacional Unificado (CNU) trouxe uma tripla comemoração para a família Pankararu-Atikum-Umã. Francisco de Assis, sua esposa Daiana dos Santos e sua irmã Elisângela de Assis foram aprovados para vagas na Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), marcando um momento histórico para a inclusão indígena no órgão.
A aprovação do trio representa não apenas uma conquista pessoal, mas também um avanço significativo na política de inclusão da Funai. Pela primeira vez, um concurso para o órgão foi realizado com reserva de vagas para candidatos indígenas, garantindo maior diversidade e representatividade. Do total de 502 vagas oferecidas, 30% foram destinadas exclusivamente para indígenas. O objetivo da medida é fortalecer a atuação da Funai e garantir que as decisões da entidade contem com a participação direta dos povos originários.
De acordo com a própria Funai, o concurso atraiu um grande número de candidatos indígenas, com um total de 9.339 inscritos. As provas foram realizadas em 18 de agosto de 2024 e representam um marco para a reestruturação do órgão, que passou por um período de dificuldades durante o governo de Jair Bolsonaro. Durante essa gestão, a Funai enfrentou redução de sua capacidade de atuação e recebeu críticas sobre posicionamentos que não favoreciam os povos indígenas.
Com a nova formação de servidores, a expectativa é que a Funai recupere seu papel central na defesa dos direitos indígenas, fortalecendo políticas de proteção territorial, sustentabilidade e preservação cultural. A presença de mais indígenas nos quadros do órgão é vista como um passo essencial para garantir que as decisões sejam tomadas com base em perspectivas autênticas e alinhadas às necessidades das comunidades tradicionais.
A história de Francisco, Daiana e Elisângela inspira não apenas suas próprias etnias, mas também outras comunidades indígenas que buscam maior protagonismo em espaços institucionais. “Estamos muito felizes por essa oportunidade. Representar nossos povos dentro da Funai é um compromisso de luta e responsabilidade”, afirmou Francisco.
A aprovação da família demonstra que, com mais diversidade dentro das instituições, avanços significativos podem ser alcançados na defesa dos direitos indígenas e na construção de um país mais inclusivo e justo.