A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, enfrentou novos episódios de hostilidade durante audiência pública realizada nesta quarta-feira, 2 de julho, na Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados. Convocada para prestar esclarecimentos sobre políticas ambientais do governo federal, Marina foi alvo de ofensas por parte de parlamentares da bancada ruralista.
O deputado Evair de Melo, autor do requerimento que motivou a convocação, fez comparações graves e ofensivas. Em sua fala, ele associou a atuação da ministra a grupos armados como as Farc, da Colômbia, e o Hamas, que atua na Faixa de Gaza. O parlamentar ainda retomou declarações anteriores em que comparou Marina a um câncer.
A sessão, que deveria ser pautada por um debate técnico sobre meio ambiente, transformou-se em mais um palco de embates ideológicos e ataques pessoais. Durante sua exposição, Marina defendeu as ações do governo na área ambiental, destacando a necessidade de conciliação entre preservação e desenvolvimento sustentável.
Em meio a uma fala mais enfática da ministra, o deputado Cabo Gilberto a interrompeu e pediu que ela “tivesse calma”, comentário que Marina rebateu de forma firme.
“Quando um homem levanta o tom, dizem que ele está sendo enfático. Quando uma mulher faz o mesmo, dizem que ela está descontrolada. Isso é machismo. Estou apenas usando o tom necessário diante da gravidade do assunto que debatemos aqui”, respondeu a ministra.
O episódio reacende o debate sobre o respeito à figura institucional dos ministros de Estado e ao tratamento dado a mulheres em espaços políticos. Marina já havia sido alvo de ataques semelhantes em maio, durante uma audiência no Senado Federal, na Comissão de Serviços de Infraestrutura.
Apesar das provocações, a ministra manteve a firmeza ao apresentar dados e defender as políticas ambientais do governo federal. Parlamentares da base aliada também se manifestaram em solidariedade à ministra e criticaram o uso da audiência como palanque para agressões pessoais.