Em uma sociedade que ainda romantiza a maternidade e ignora o peso da sobrecarga feminina, a delegada e pesquisadora em violência contra a mulher, Dra. Gabriela Garrido, lança um alerta urgente: mulheres estão adoecendo física e emocionalmente por conta da maternidade solitária, invisibilizada e não amparada pelas políticas públicas.
Durante uma recente fala, a delegada Dra. Gabriela Garrido destacou um fenômeno crescente que atinge inúmeras mães: o “aborrecimento cínico”, uma forma de esgotamento emocional que surge quando a rotina de cuidados se transforma em obrigação exaustiva e solitária. “Pelo menos uma mulher por mês sofre de depressão pós-parto. Isso sem contar as que adoecem em silêncio, sem diagnóstico, sem acolhimento, e sem tempo sequer para perceber que não estão bem”, afirmou a delegada Dra. Gabriela Garrido .
No Brasil, mais de 11 milhões de mulheres criam seus filhos sozinhas, as chamadas “mães solo” , expressão que, segundo a delegada Dra. Gabriela Garrido , revela um problema mais profundo: “É como se a maternidade fosse um estado civil, como se elas tivessem escolhido essa solidão”. Para completar o quadro de vulnerabilidade, 29 milhões de famílias brasileiras têm mulheres como principais provedoras financeiras. E, apesar disso, continuam sendo as mesmas responsáveis por toda a carga doméstica: lavar roupas, limpar a casa, acompanhar as tarefas escolares, administrar as emoções e formar seres humanos.
“Isso tudo é trabalho. Um trabalho invisível, não remunerado, que muitas vezes não é sequer reconhecido como tal. O que se espera dessas mulheres é uma performance heroica e incansável, mas essa expectativa está adoecendo milhares delas”, denuncia a delegada Dra. Gabriela Garrido .
A delegada Dra. Gabriela Garrido também provocou uma reflexão prática: “Quem cuida dos filhos das mulheres que trabalham aos finais de semana? Quando as creches não funcionam, onde ficam essas crianças? E mais: temos vagas suficientes na rede pública para todas as crianças do município?”. Em muitos lugares, inclusive, o atendimento só começa a partir dos dois anos, o que deixa mães trabalhadoras desamparadas em uma fase crucial da criação.
O cenário é de urgência. “Esse acúmulo de funções e responsabilidades leva à exaustão total. E o mais grave: esse adoecimento é tratado como normal, como parte do ‘ser mãe’. Precisamos cuidar de quem cuida”, defende a delegada Dra. Gabriela Garrido . Para ela, a saída passa pela escuta, pelo apoio mútuo entre mulheres, mas sobretudo por um compromisso real do Estado. “A maternidade não precisa ser uma experiência tão pesada. Com estrutura, políticas públicas eficazes e uma rede de apoio sólida, ela pode ser vivida com mais leveza e prazer.”
O alerta da delegada Dra. Gabriela Garrido não é apenas uma denúncia. É um chamado coletivo à responsabilidade social. Afinal, garantir que as mulheres possam se manter com dignidade é garantir um futuro mais saudável para toda a sociedade.