Nos últimos seis anos, o volume de desinformação sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA) nas comunidades da América Latina e do Caribe no aplicativo Telegram aumentou mais de 150 vezes. O crescimento alarmante foi ainda mais acentuado durante os primeiros anos da pandemia de Covid-19, quando os conteúdos falsos e enganosos relacionados ao autismo apresentaram uma escalada de 635%.
Os dados são resultado de um levantamento recente conduzido por especialistas em comunicação digital e saúde pública, que analisaram milhares de mensagens e grupos públicos da plataforma entre 2018 e 2024. As informações falsas variam desde teorias da conspiração ligando o autismo à vacinação até falsas promessas de cura por meio de terapias sem respaldo científico.
Consequências reais
A disseminação dessas narrativas enganosas tem efeitos concretos. Pais e responsáveis, muitas vezes desesperados por respostas, podem acabar adotando práticas ineficazes ou até prejudiciais. Médicos e terapeutas relatam casos de abandono de tratamentos comprovados, uso de substâncias tóxicas e o atraso em diagnósticos adequados.
É extremamente preocupante. A desinformação não apenas perpetua estigmas, como coloca em risco a vida de pessoas com TEA.
Telegram sob pressão
Embora o Telegram tenha se destacado como uma ferramenta de comunicação alternativa, especialmente entre grupos que buscam maior privacidade, sua estrutura de moderação ainda é considerada frágil. Diferente de outras redes sociais, a plataforma oferece poucos mecanismos para identificar e limitar a circulação de fake news, o que a torna um ambiente propício para a viralização de conteúdos não verificados.
Organizações da sociedade civil e coletivos ligados ao autismo têm pressionado por maior responsabilidade das plataformas digitais. Além disso, especialistas pedem ações coordenadas entre governos, instituições de saúde e empresas de tecnologia para combater a desinformação com informação de qualidade e acessível.
Informação é proteção
Enquanto isso, a recomendação é clara: buscar fontes confiáveis, como sociedades médicas, universidades e organismos internacionais. O enfrentamento à desinformação é coletivo e urgente.