Março é o mês de conscientização sobre a endometriose, uma doença ginecológica crônica, silenciosa e, muitas vezes, debilitante, que afeta cerca de 10% das mulheres em idade reprodutiva no Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde. Apesar de sua alta incidência, a enfermidade ainda é pouco conhecida por grande parte da população, inclusive pelas próprias pacientes que convivem com seus sintomas sem saber a causa.
A endometriose ocorre quando células do endométrio o tecido que reveste o útero internamente , em vez de serem eliminadas durante a menstruação, migram no sentido oposto e se alojam em outras partes do corpo, como ovários, trompas e cavidade abdominal. Fora do útero, essas células continuam a responder aos estímulos hormonais, levando à inflamação, dor e formação de aderências.
Sinais de alerta
O sintoma mais comum da endometriose é a cólica menstrual intensa, muitas vezes incapacitante, que tende a se agravar com o tempo. No entanto, a doença pode se manifestar de diversas formas, como dor durante a relação sexual, dor ao evacuar ou urinar especialmente no período menstrual , sangramento irregular e, em alguns casos, dificuldade para engravidar.
O problema é que muitas mulheres acreditam que sentir dor durante a menstruação é algo normal, o que retarda a busca por ajuda médica e o diagnóstico correto Quanto mais cedo a endometriose for identificada, maiores são as chances de controlar os sintomas e preservar a qualidade de vida da paciente.
Diagnóstico e tratamento
O primeiro passo para a identificação da endometriose é a consulta com o ginecologista, incluindo o exame de toque, essencial especialmente nos casos de endometriose profunda. Exames de imagem, como ultrassonografia transvaginal com preparo intestinal e ressonância magnética, além de exames laboratoriais, ajudam a confirmar o diagnóstico.
De acordo com dados do Sistema Único de Saúde, em 2021 foram registrados mais de 26,4 mil atendimentos relacionados à doença na rede pública, além de 8 mil internações.
O tratamento varia de acordo com a gravidade do quadro e os objetivos da paciente, como o desejo de engravidar. Pode incluir o uso de medicamentos hormonais para suprimir a menstruação, analgésicos, mudanças no estilo de vida e, em alguns casos, cirurgia para remoção dos focos da doença.
Conscientização e acolhimento
A campanha Março Amarelo busca ampliar o conhecimento sobre a endometriose, incentivando o diálogo e o acolhimento das mulheres que sofrem com a condição. É preciso desmistificar a dor feminina e garantir o acesso ao diagnóstico e tratamento. Toda mulher que sente que algo está errado com seu corpo deve ser ouvida com atenção. O alerta é claro: cólica não é normal quando incapacita. Falar sobre endometriose é um passo importante para romper o silêncio em torno da doença e garantir mais saúde e dignidade às mulheres brasileiras.