Durante a sessão na Câmara Municipal de Vitória da Conquista, a vereadora Dra. Lara Fernandes utilizou seu tempo de fala para abordar temas polêmicos, desde a recente vitória do cinema brasileiro no Oscar até a situação de mulheres presas após os atos de 8 de janeiro de 2023.
Em seu discurso, a Dra. Lara iniciou parabenizando o cinema nacional pelo reconhecimento internacional, destacando a premiação do filme “Ainda Estou Aqui”, de Walter Salles. No entanto, a parlamentar fez críticas ao que considera uma contradição na comemoração da obra, que trata da ditadura militar e da luta pela anistia, mas é celebrada, segundo ela, por setores que hoje defendem pautas opostas.
“Ainda estou processando a ironia de ver esquerdistas aplaudindo um milionário, herdeiro, branco, hétero, recebendo um prêmio americano por um filme que exalta a anistia. E isso em um momento em que muitos pedem exatamente o contrário: sem anistia”, pontuou.
A vereadora aproveitou a sessão para antecipar as discussões sobre o Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março. Ela trouxe à plenária um vídeo denunciando a situação de mulheres presas há mais de três anos em decorrência dos atos ocorridos no Congresso Nacional.
“Muitas dessas mulheres são mães, esposas, trabalhadoras, que hoje têm seus filhos vivendo como órfãos de pais vivos. E por quê? Por questionarem o sistema? Por segurarem uma Bíblia ajoelhada no Congresso? Por tentarem se refugiar de bombas de gás lacrimogêneo?”, questionou a parlamentar, afirmando que as detenções fazem parte de uma “emboscada” política.
A Dra. Lara Fernandes também contestou a condução das investigações sobre os atos, criticando a suposta destruição de provas e a ausência de responsabilização dos verdadeiros responsáveis. “Das 185 câmaras do Congresso, apenas quatro imagens foram entregues. As demais 181 foram apagadas. E os verdadeiros culpados pelas depredações nunca foram localizados, salvo uma única mulher: Débora, mãe de dois filhos, que apenas escreveu com batom lavável a frase ‘Perdeu Mané’ em uma estátua”, afirmou a vereadora .
O discurso da vereadora repercutiu entre os presentes na Câmara e nas redes sociais, dividindo opiniões entre os que apoiam sua denúncia sobre a seletividade da justiça e aqueles que a criticam por minimizar a gravidade dos atos ocorridos no Congresso.
O posicionamento de Dra. Lara Fernandes reforça o debate sobre a polarização política no Brasil e os diferentes pontos de vista sobre a condução da justiça em casos de grande repercussão.