A fuga de 16 detentos do Conjunto Penal de Eunápolis, no extremo sul da Bahia, no fim do ano passado, trouxe à tona uma história de ascensão e queda. A ex-diretora do presídio, Joneuma Silva Neres, de 33 anos, foi presa na última quinta-feira (23) sob a acusação de facilitar a saída de traficantes ligados ao Primeiro Comando de Eunápolis (PCE). A operação policial, realizada em Teixeira de Freitas, resultou na apreensão de aparelhos celulares, chips telefônicos, um caderno de anotações e R$ 8 mil em espécie.
Joneuma fez história ao se tornar a primeira mulher a dirigir um presídio masculino na Bahia, em março do ano passado. Porém, seu mandato no cargo foi interrompido nove meses depois, em dezembro, quando foi exonerada após a fuga em massa que gerou repercussão estadual. A jovem ex-diretora é natural de Teixeira de Freitas, também no extremo sul baiano, e acumulava uma trajetória profissional marcada por especializações e atuações em áreas estratégicas do sistema penitenciário.
Uma carreira promissora interrompida
Formada em Direito pela Faculdade do Sul da Bahia (FASB), Joneuma também possui pós-graduação em temas relacionados ao processo penal. Antes de assumir a direção do Conjunto Penal de Eunápolis, ela se destacou como integrante do Grupo de Escolta e Operações Penitenciárias (GEOP) e em atividades de capacitação de agentes penitenciários. Com um perfil técnico e qualificado, Joneuma parecia simbolizar uma nova abordagem na gestão carcerária do estado, unindo conhecimento jurídico e experiência operacional.
Sua nomeação em março de 2024 foi vista como um marco de representatividade, especialmente em um setor dominado por homens. Porém, o episódio da fuga em massa e as investigações subsequentes culminaram em uma reviravolta que terminou com sua prisão.
A fuga e as acusações
A fuga dos 16 detentos, incluindo traficantes de alta periculosidade, foi atribuída a um esquema de facilitação no qual Joneuma teria desempenhado um papel central. De acordo com as investigações, os criminosos pertenceriam ao Primeiro Comando de Eunápolis, uma facção local que controla o tráfico de drogas na região.
Na abordagem que resultou em sua prisão, policiais civis encontraram indícios que reforçam as acusações. O caderno de anotações apreendido com a ex-diretora pode conter registros ligados ao esquema, enquanto o dinheiro em espécie e os aparelhos celulares encontrados em sua posse levantaram suspeitas adicionais sobre sua participação no caso.
Repercussões e impacto
A prisão de Joneuma Silva Neres é mais um capítulo em um caso que expõe fragilidades no sistema prisional da Bahia, além de lançar luz sobre questões de ética e integridade na administração penitenciária. Por outro lado, a queda da primeira mulher a dirigir um presídio masculino no estado também levanta discussões sobre os desafios enfrentados por mulheres em cargos de liderança em ambientes marcados por pressão e riscos constantes.
Enquanto o caso segue em investigação, a trajetória de Joneuma serve de alerta sobre a importância de reforçar os mecanismos de controle e fiscalização no sistema penitenciário, bem como de valorizar a competência técnica alinhada a princípios éticos.
As autoridades esperam que a apuração dos fatos traga respostas e contribua para evitar episódios semelhantes no futuro, reafirmando o compromisso com a segurança e a justiça na Bahia.