A íris dos olhos é um dos marcadores mais precisos para identificação humana. “A íris é dotada de uma característica muito específica, que é a unicidade. Ou seja, cada indivíduo vai ter uma íris única, em que suas características são preservadas ao longo de toda a duração de sua vida, de forma estável. A não ser que aconteça algum tipo de acidente, ela preserva todas as características ao longo da vida da pessoa. Por conta disso, a gente pode dizer que ela tem um papel de identificador único e extremamente preciso”, explicou o especialista em biometria Paschoalini.
Esse marcador singular é apenas um entre vários utilizados para identificação biométrica, que inclui impressões digitais, formato facial, voz e, mais recentemente, a íris. Diferentemente de senhas, que podem ser alteradas em caso de comprometimento, as características biométricas acompanham o indivíduo durante toda a vida, tornando-as ferramentas valiosas e permanentes para autenticação.
Avanços Tecnológicos e Desafios Éticos
O uso de dados biométricos cresceu exponencialmente em aplicações que variam de segurança digital a controle de acesso em ambientes físicos. No entanto, essa evolução também levanta questões éticas e preocupações com privacidade. “Dados biométricos como digitais dos dedos, formato da face, voz, íris dos olhos, são marcadores exclusivos que identificam uma pessoa. Diferentemente de uma senha que pode ser redefinida a qualquer tempo, as informações biométricas identificarão uma pessoa durante toda a sua vida”, destacou Paschoalini.
O principal ponto de atenção, segundo especialistas, está no armazenamento e processamento desenfreado desses dados. Uma vez comprometidos, esses identificadores não podem ser substituídos, colocando em risco a privacidade e, em casos mais graves, os direitos humanos. A crescente adoção de tecnologias que dependem de biometria – como sistemas de pagamento, aplicativos de saúde e dispositivos de segurança – intensifica a necessidade de regulamentação e proteção contra abusos.
Privacidade versus Segurança
Apesar de seu potencial transformador, o uso massivo de biometria provoca um dilema: como equilibrar segurança e privacidade? Instituições de proteção de dados e organizações de direitos humanos alertam que, sem regulamentações adequadas, o uso de dados biométricos pode abrir caminho para vigilância em massa, discriminação e roubo de identidade.
Especialistas sugerem a criação de políticas rigorosas para coletar, processar e armazenar esses dados, garantindo que sejam usados apenas para os fins a que se destinam. Além disso, é crucial educar a população sobre seus direitos e os riscos associados ao compartilhamento de dados biométricos.
Caminho para o Futuro
O avanço das tecnologias biométricas é inevitável e, quando utilizado de forma ética e transparente, tem o potencial de trazer inúmeros benefícios à sociedade. No entanto, a urgência em abordar questões éticas e legais relacionadas ao uso desses dados não pode ser subestimada.
A unicidade da íris, assim como de outros identificadores biométricos, reforça o quanto a tecnologia pode ser poderosa. Mas também destaca o quanto ela pode ser vulnerável se não for tratada com responsabilidade. O desafio agora é encontrar o equilíbrio entre progresso tecnológico e respeito à privacidade humana.