Mulher (do latim mulier) é um ser humano adulto do sexo feminino. Na infância, é denominada em português como menina; na adolescência e juventude, como moça, na fase adulta, simplesmente como mulher ou senhora; na velhice, além dos dois termos anteriores, pode ser chamada anciã.
O termo mulher é usado para indicar distinções biológicas.
Desde tempos imemoriais, a mulher, devido à sua menor força física, e a outras limitações que lhe são próprias, como a menstruação, gravidez e amamentação, se encontrou subjugada à outra metade, a masculina, da humanidade.
O Dia Internacional da Mulher foi instituído no ano de 1910, durante uma conferência realizada na Dinamarca, onde estavam presentes mulheres das mais diversas partes do mundo.
O objetivo da comemoração era, e é, chamar a atenção para a função social e para a dignidade da mulher, bem como:
1. incentivar a tomada de consciência do valor da mulher enquanto pessoa,
2. destacar o papel
desempenhado pelas mulheres na sociedade,
3. romper com os preconceitos e as limitações que historicamente vêm sendo impostos à mulher.
A data escolhida não foi aleatória.
Foi escolhido 8 de março porque neste dia, do ano de 1857, as operárias têxteis de uma fábrica de Nova Iorque entraram em greve, e ocuparam a fábrica onde trabalhavam. Essas mulheres trabalhavam 16 horas por dia e recebiam menos de um terço do salário dos homens. Sua reivindicação era reduzir a carga horária diária de trabalho para 10 horas, mas o resultado de sua batalha foi serem fechadas na fábrica onde, se declara, houve um incêndio onde cerca de 130 das grevistas morreram queimadas.
O ano de 1857 não foi, porém, o primeiro marco da luta das mulheres pelo reconhecimento de seus direitos.
Algumas outras datas são bastante significativas na história da luta das mulheres por direitos iguais. Em 1691 as mulheres do Estado do Massachussetts conseguem o direito de voto, embora venham a perdê-lo posteriomente (1789).
Em 1788, Condorcet, filósofo e homem político francês, reclama para as mulheres o direito à educação, à participação na vida política e ao acesso ao emprego. Quatro anos depois, ou seja, em 1792, no Reino Unido, Mary Wollstpnecraft pioneira da ação feminista, publica uma texto tratando das dificuldades das mulheres em terem direitos; ela denomina seu texto, se não me engano, de algo como “direitos das mulheres- injustiças dos homens”.
Em 1840, nos Estados Unidos, Lucrécia Mott lança os alicerces da Equal Rights Association, que reivindicava direitos iguais para mulheres e negros.
Eu poderia referir outros incontáveis marcos da luta das mulheres pelo reconhecimento de seus direitos, ao longo dos anos e nos diferentes países. Em termos de Brasil, por exemplo, deveria me referir ao direito ao voto conquistado pelas brasileiras há 92 anos atrás, ou louvar a Constituição de 1988, que reconheceu que homens e mulheres são iguais em todos os níveis.
Poderia me alongar nessas conquistas, mas refaço aqui o rumo de meu argumento para tratar de um ponto fundamental na luta das mulheres ao longo de todos os tempos e nas mais diferentes nações. Precisamos, no Dia Internacional da Mulher, e em todos os outros dias, ressaltar que, mais do que lutar pelos direitos femininos, os movimentos de mulheres tiveram por característica, e por mérito, o fato de chamar a atenção para todas as desigualdades.
Chamo a atenção para este fato neste ponto de meu artigo porque, como acabamos de perceber, já em 1840 as mulheres americanas formavam associações para lutar pelos seus direitos e pelos dos negros, que eram tão ou mais excluídos da sociedade do que elas. Os anos foram passando tal marca dos movimentos de mulheres permaneceu e se consolidou: mais do que mostrarem que a humanidade é formada por dois sexos, homens, até então únicos detentores de direito, e mulheres, não detentoras de direito, as mulheres se organizaram para mostrar que a humanidade tem outras diversidades e que as diferenças tradicionalmente se manifestaram nas mais distintas formas de opressão.
Foi no seio dos movimentos de mulheres, a partir da luta das mulheres, que incontáveis grupos subjugados, oprimidos, violentados e usurpados em seus direitos civis, políticos e, fundamentalmente, em seus direitos humanos, ganharam força e respaldo para lutar pelos seus direitos. Foram os movimentos de mulheres que denunciaram a violência doméstica, não só a violência do marido contra a esposa, mas também, e principalmente a violência contra a criança. Foram os movimentos de mulheres que denunciaram, lutaram e até hoje lutam pela dupla discriminação que sofre a mulher negra, e faz o mesmo com relação à mulher pobre.
Foi um movimento de mulheres, no Brasil, que foi à luta contra a carestia. Foi um movimento de mulheres que, na Argentina, foi à rua denunciar as atrocidades da ditadura. Foram os movimentos de mulheres que denunciaram o descaso com a saúde, especialmente a saúde feminina. Foi um movimento de mulheres, o movimento feminista, que clamou pelo nosso direito ao controle da natalidade e ao prazer, nos tirando da posição de meras reprodutoras, para nos permitir termos filhos em momentos mais propícios e nos libertando para vivermos plenamente o prazer pelo prazer. Mas, mais do que isso, foram os movimentos de mulheres que denunciaram o tráfico de escravas brancas, feito basicamente visando à prostituição, e foram ainda os movimentos de mulheres que denunciaram a mutilação sexual das meninas em inúmeros países.
Foram grupos existentes dentro dos movimentos de mulheres que denunciaram com firmeza e coragem a discriminação dos homossexuais, especialmente das lésbiscas que, por sua orientação sexual era separadas de seus filhos.
Acima de tudo, ou talvez por fazer tudo isso que acabei de relatar e muito mais que não enumerei, foram os movimentos de mulheres que mostraram ao mundo que a humanidade é muito mais do que o homem-macho, branco, adulto, heterossexual, senhor absoluto de direitos.
A luta das mulheres mostrou que a humanidade é formada por homens e por mulheres. Mostrou ainda que, mais do que sua condição de gênero (masculino- feminino), a humanidade é formada – por crianças, jovens, adultos e idosos; – por brancos, negros, mulatos, amarelos, índios, e inúmeras miscegenações; – por pessoas que sentem prazer se relacionando com pessoas do sexo oposto, e outras com pessoas do mesmo sexo; – mostrou que a humanidade é formada por infinitas diversidades. Ao mostrar a diversidade, os movimentos de mulheres mostraram, e lutaram, por uma igualdade fundamental, por aquilo que nos torna iguais, e pelo valor fundante de todos os outros valores: a dignidade
Todos somos iguais em dignidade, e o respeito à mesma surge do reconhecimento de que a diversidade não pode, sob hipótese alguma, servir de base para a discriminação, opressão, concessão de mais direitos a determinados grupos.
A luta das mulheres é, fundamentalmente, a luta para que a diferença não se traduza em desigualdade.
E por fim, as diferenças devem nos dar o gosto, produzir o colorido e o prazer da vida, mas não devem se transmutar em desigualdades, para que não tenhamos desgosto.